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«A nova imagem do município da Covilhã representa o futuro assente em conhecimentos passados»

Cara a Cara – Ana Gonçalo

P – Venceu o concurso de ideias da nova imagem institucional da Câmara da Covilhã. Estava à espera de ganhar?

R – Não, de todo! Até porque entreguei a proposta em maio, já passou muito tempo!

P – Em que se inspirou para criar a nova imagem do município da Covilhã?

R – Inspirei-me na atividade secular existente neste município, a tecelagem, e a ligação desta com todo o desenvolvimento económico e social do município. Muitas famílias ganharam o seu “pão”, alimentaram e educaram os seus filhos com esta atividade. Foi o “chão” de muitas famílias e as “asas” de muitas outras. Foi devido ao têxtil que existe a Universidade da Beira Interior. O meu passado e o facto de aqui ter ficado prende-se com o têxtil.

P – O que pretende representar a nova imagem?

R – A nova imagem representa o futuro assente em conhecimentos passados. A esta imagem está associada uma ideia de construção. Construção essa com a interajuda, a ligação e o cruzamento das várias valências deste município. Ilustra um cruzamento de linhas desenhando uma estrutura básica da tecelagem (o tafetá). Se num tecido faltar um fio, este está mais sujeito a rasgar, pois não está tão estável. Se houver ligação entre o todo, cada parte será mais forte.

P – Porquê a escolha das cores azul, branco, laranja e verde?

R – Na versão original do logótipo, o símbolo e o lettering estão sob fundo branco, não tendo esta cor nenhum significado. É o fundo sob a qual se encontra o mesmo. Ainda no símbolo estão as cores preto, verde anis, verde garrafa, turquesa, azul, vermelho e laranja. Cada uma delas representa uma valência ou competência do município: turismo, agricultura, educação, indústria/tecnologia, cultura e desporto.

P – Acha que é uma imagem que espelha a ideia que se pretende da Covilhã atual?

R – A Covilhã atual tem de aproveitar todos os conhecimentos adquiridos no passado para desenvolver o futuro. Essa é a premissa. Nós, enquanto pessoas, somos o que somos devido a todo o nosso passado. As nossas escolhas, as nossas ações, todas têm como base experiências passadas com que aprendemos e evoluímos. E uma cidade também. São as pessoas que fazem uma cidade. Se houver partilha, ligação, cruzamento de experiências e de valor, este município tem muito valor e muito potencial, sendo necessário elevar o que há de melhor.

P – Já teve reações ao logótipo? Foram boas ou más?

R – Já! A maior parte delas positivas.

P – O que responderá a possíveis críticas?

R – Não me cabe responder a críticas. Não posso esperar que toda a gente goste do símbolo. A umas agradará e a outras desagradará, e é sinal que existe equilíbrio. E existe sempre uma certa resistência à mudança, inerente ao ser humano. Este resultado vem de um concurso de propostas e também de uma avaliação. Se no meio de quase 50 propostas esta foi a escolhida, imagino que foi tida em conta a linha estratégica que a município quer abordar.

P – Qual é a sua atividade profissional?

R – Sou designer em regime de freelance, formadora em Design de Moda e tenho alguns projetos de artesanato urbano. O último quase a sair da gaveta!

Perfil: Ana Gonçalo

Idade: 39 anos

Profissão: Designer

Naturalidade: Bragança

Currículo: Cresceu e estudou em Braga, antes de se mudar para o Porto onde tirou Design Têxtil e Vestuário na então escola profissional CITEX (agora MODATEX). Veio para a Covilhã em fevereiro de 1998 para estagiar na empresa de lanifícios A Penteadora S.A., tendo sido convidada para designer têxtil em maio desse ano. Em 2000 matriculou-se no curso de Design Multimédia da UBI e saiu da empresa. Desde então tem trabalhado sempre na área do Design, como freelancer, nas mais variadas vertentes (publicidade, decoração, design de comunicação, joalharia, artesanato, etc) e para diferentes empresas. É ainda formadora de design de moda na AFTEBI e autora do projeto de artesanato urbano “Rosachicolate”. Brevemente divulgará outro na mesma área.

Livro favorito: “A História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar”, de Luís Sepúlveda

Filme favorito: “La guerre des boutons”, de Yves Robert (o primeiro filme que vi no cinema)

Hobbies: Fotografia, tricot, crochet, etc…

Ana Gonçalo

Sobre o autor

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