A necrópole de S. Gens é referida por diversos autores desde longa data, denunciando que cedo a necrópole terá impressionado aqueles que a visitavam. De facto, não deixa de ser curioso o número elevado de sepulturas, com mais de trinta exemplares, e as diferentes tipologias das sepulturas escavadas na rocha.
Corresponde a um espaço de enterramento, composto por diversas sepulturas escavadas no afloramento rochoso, o granito, com diferentes tipologias, desde as ovaladas, as trapezoidais e as antropomórficas. Trata-se de uma necrópole da Alta Idade Média.
Se tivermos em conta que as necrópoles em torno desta área são geralmente constituídas por um número de sepulturas relativamente reduzido (entre 7 a 12 exemplares) as sepulturas presentes neste espaço demonstram elevada concentração.
Por outro lado há que evidenciar que as sepulturas nesta área surgem-nos de forma dispersa. Sem dúvida, a presença destes exemplares num único espaço evidenciam que certamente as comunidades humanas da alta Idade Média definiram este lugar como espaço primordial de enterramento.
O facto de surgirem exemplares de diferentes tipologias poderá levar-nos a concluir que o espaço em torno foi ocupado por uma comunidade humana possivelmente desde o fim do Império Romano (se de facto não foi anterior) até ao século XI/XII, período em que, segundo datações fornecidas por escavações arqueológicas, este tipo de enterramento deixou de ser construído.
Encontram-se ainda referências em autores do início do século XX, como Santos Rocha, de estações de período romano nas imediações. Até que ponto não haverá continuidade de ocupação destes espaços na alta Idade Média, correspondendo estas sepulturas à necrópole destes locais de habitat?
De facto uma ideia parece ressaltar deste conjunto de sítios arqueológicos em torno da necrópole de S. Gens: ao longo de um período cronológico lato este espaço foi ocupado por comunidades, demonstrando uma malha ocupacional algo concentrada, sem dúvida, relacionada com o rio Mondego e seus afluentes e a exploração agrícola dos vales adjacentes.
Por: Vítor Pereira