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“A Naifa” em concerto na Guarda e Covilhã

A nova canção urbana mistura o experimentalismo electrónico, os cânones do fado e uma outra geração de poetas portugueses

O fado popular transformado em pop rebelde é a imagem que melhor assenta ao grupo “A Naifa”, em concerto segunda e terça-feira na Covilhã e na Guarda, respectivamente. É o mais recente projecto da música portuguesa gerado por Luís Varatojo (Peste & Siga, Despe e Siga, Linha da Frente), João Aguardela (Sitiados, Megafone e Linha da Frente), Maria Antónia Mendes e Vasco Vaz. O seu primeiro álbum, “Canções Subterrâneas”, surpreendeu tudo e todos com uma nova canção urbana e foi considerado pelo jornal “Blitz” o terceiro melhor álbum português em 2004. Os concertos têm lugar no anfiteatro das sessões solenes da UBI e no auditório municipal da Guarda. “A Naifa” desafia, em tom gingão, todo o revivalismo do fado utilizando códigos comuns para explorar outras formas de inspiração a partir da canção popular de Lisboa e as palavras de uma nova e activa geração de poetas. Neste trabalho, Luís Varatojo e João Aguardela voltam a explorar o território da poesia portuguesa, temperando-a neste caso com uma estética musical urbana e contemporânea. Em “Canções Subterrâneas”, cruzamo-nos com Adília Lopes, José Luís Peixoto ou José Mário Silva e Tiago Gomes, mas também com gente menos conhecida, como Rui Pires Cabral, José Miguel Silva, Rui Lage, Eduardo Pitta, Ana Paula Inácio, Carlos Luís Bessa e Nuno Moura. Poemas magistralmente musicados com recurso aos «cânones» do fado, como descrevem os próprios músicos, e do experimentalismo electrónico. «É a matéria-prima de uma visão de cultura portuguesa que não se conforma com a colonização de modelos estrangeiros como forma de vida, e menos ainda com a cristalização a que muitos querem forçar as chamadas músicas tradicionais», acrescentam no site do projecto. Em declarações à revista “Visão”, João Aguardela vai mais longe e explica que o fado tem um lugar de destaque neste álbum porque «é uma das últimas referências que continua disponível no nosso dia-a-dia. O folclore já deixou de fazer parte do quotidiano das pessoas e hoje o que sobra é o fado, ou uma ideia de fado». Em palco, Luís Varatojo dedilha a guitarra, João Aguardela o baixo, Maria Antónia Mendes canta e Vasco Vaz toca percussão.

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