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A moda das barbearias vintage também na Guarda

A barbearia “Zé Ginja”, aberta há nove meses na Rua Dr. Vasco Borges, já tem lista de espera

Da barba rija ao bigode, da pera à mosca ou às suíças, a moda não é nova e veio para ficar. Com a “epidemia” do pelo facial são várias as barbearias distribuídas pelo país, umas mais clássicas, outras mais modernas. Nem a Guarda escapou a esta tendência graças a Guilherme Silva, que abriu a barbearia “Zé Ginja” e já tem lista de espera.

Localizado na Rua Dr. Vasco Borges, trata-se de um espaço vintage – com um toque contemporâneo. Dos cadeirões em pele ao telefone de disco, do relógio de parede às molduras com fotografias antigas, são vários os adereços que ajudam a criar um ambiente retro e que agrade a “homens de barba rija”. É ali que Guilherme Silva pratica uma barbearia «tradicional portuguesa», onde se podem fazer cortes de cabelo, aparo de barba, barba à navalha, pé de cabelo e patilha. «Já houve gente a pedir que fizesse trabalho técnico. Pintar, fazer desfrisagens, mas isso eu não faço. Esta é mesmo aquela barbearia clássica, à antiga», esclarece o jovem barbeiro. Esta opção transcende o óbvio. O jovem guardense inspirou-se no seu bisavô – Zé Ginja – que, em tempos, se dedicou a este ramo e a quem Guilherme Silva resolveu prestar uma homenagem, atribuindo o seu nome à barbearia. Apesar de na família haver alguns aspirantes à arte de barbear, que iam «dando uns toques, mas nunca a nível profissional», o bisneto admite que nunca tinha ponderado seguir este caminho.

Brincadeira que virou profissão

Na verdade, a sua aventura no mundo da barbearia partiu de uma brincadeira entre amigos, mas há três anos que o mais jovem barbeiro da “mais alta” leva a profissão muito a sério. «Sou sincero. Nunca antes de surgir essa brincadeira com os meus amigos, em que eu lhes cortava o cabelo, tinha colocado a hipótese de enveredar por este ramo», refere Guilherme Silva, sublinhando que a entrada neste negócio foi um “tiro no escuro”: «Surgiu um bocado de repente. Na altura tive a oportunidade de ir tirar um curso em Lisboa e foi isso que fiz», acrescenta. Estava dado o primeiro passo. Depois da formação na capital passou pela Covilhã, estagiou na Guarda e foi na cidade onde nasceu que quis abrir o seu negócio. «As coisas avançaram muito rápido. Comecei a tomar o gosto e a cortar cada vez mais cabelo», recorda o jovem, que hoje não tem mãos a medir.

O amor pela Guarda e a vontade de trazer para a cidade algo inovador foram as principais razões que levaram Guilherme Silva a abrir a barbearia “Zé Ginja”. «Houve algumas pessoas que na altura me aconselharam a ir para outro sítio, mas isso nunca me passou pela cabeça», sublinha o barbeiro, considerando que não fazia sentido ir para uma cidade «onde as coisas já existiam». A procura tem sido muita e agora para cortar o cabelo ou tratar da barba no “Zé Ginja” só mesmo por marcação. «Neste momento estou com uma afluência um bocadinho maior e atendo só mesmo por marcação», avisa, adiantando que é «muito difícil encaixar pessoas entre cortes». A esse problema acresce o facto do jovem trabalhar sozinho: «As pessoas às vezes dizem que demora muito tempo, mas também sou só eu e normalmente não faço um cliente em 20 minutos», esclarece.

Mas desengane-se quem pensa que esta demora se deve à lentidão do serviço, pois o que se passa é que o barbeiro não gosta de «despachar ninguém». «Por vezes demoro uma hora com um cliente porque conversar também faz parte desta profissão. Além disso, tem que se demorar mais tempo para depois ter retorno a longo prazo», justifica o jovem de 26 anos, que não sabe quantos clientes atende num dia de trabalho. «Isso depende muito do serviço pretendido», afirma Guilherme Silva, para quem a sua barbearia é diferente das outras no «conceito, decoração e por ser o barbeiro mais novo a trabalhar na cidade». Uma circunstância que faz com seja mais procurado por gente da sua idade ou por miúdos mais novos. «Os senhores de meia-idade ou de idade avançada já têm o seu barbeiro e muito dificilmente mudam», refere, não escondendo a vontade de ter, também ele, clientes fidelizados daqui a uns anos.

E o futuro?

O segredo é de facto a alma do negócio e, sem adiantar o que se avizinha para o futuro, Guilherme Silva garante que neste momento o seu principal objetivo é «crescer, saber mais sobre a profissão e com isso fazer com que o negócio também cresça». Ainda assim e “entre dentes”, o jovem barbeiro deixou escapar a ideia de ter empregados e, quem sabe, abrir outra barbearia.

Sara Guterres Guilherme Silva tem 26 anos, é natural da Guarda e é o mais jovem barbeiro da cidade mais alta

Comentários dos nossos leitores
João Silva rodimartim@gmail.com
Comentário:
Uma homenagem ao meu falecido Pai.
 

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