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«A minha missão é preparar dirigentes que assumam a chefia regional daqui a três anos»

Cara a Cara – António Bento Duarte

P – O que o levou a recandidatar-se à chefia da Junta Regional da Guarda do Corpo Nacional de Escutas?

R – Estou no cargo há 20 anos, o que é imenso tempo, demasiado até, para se estar à frente de um organização ou de uma associação. Era, por isso, meu desejo não me recandidatar, mas o Bispo da Guarda, D. Manuel Felício, pediu-me que avançasse para mais um mandato. Eu manifestei disponibilidade para tal, mas só se não fosse apresentada mais nenhuma lista. Como, de facto, ninguém se apresentou, constituí uma lista e recandidatei-me para não deixar cair a Junta Regional da Guarda numa situação de vazio diretivo. Acabei por obter mais votos nesta eleição do que nas anteriores a que concorri, o que mostra o apoio não só da diocese, como também do corpo escutista, para que eu continue a ser o dirigente máximo do escutismo na região.

P – Quais são os principais objetivos para este novo mandato?

R – Na tomada de posse, que decorreu no passado dia 6, apontei sete caminhos que considero importantíssimos para que o escutismo na diocese continue a crescer e a desenvolver-se e que podem ser considerados como os objetivos fundamentais para este mandato. São eles o aprofundar da vivência cristã e da dinâmica espiritual, um maior empenho de assistentes e chefes de agrupamento, uma maior aposta na formação, a procura e o recrutamento de novos dirigentes, uma orientação no sentido de inovar e modernizar a região, enaltecer o papel do dirigente como educador da fé e, finalmente, destacar a importância do diálogo, da partilha e da confiança. Estes sete caminhos consubstanciam-se na nossa missão de ajudar os jovens a crescer, para que, com o ser, o saber e o agir, se tornem homens e mulheres responsáveis e membros ativos das comunidades, contribuindo para um mundo melhor.

Outro objetivo passa por alargar a Junta Regional da Guarda com a criação de mais um agrupamento, que planeamos abrir na Guarda-Gare, onde nunca houve escutismo. É uma decisão que depende do aval do pároco da freguesia de São Miguel e tenho esperança que se concretize. Se possível, gostaríamos também de reativar os agrupamentos de Pinhel e Celorico da Beira. Escolhemos estas áreas porque têm alguma juventude e sublinho que o escutismo é dos jovens e para os jovens.

P – Referiu que pretende apostar na «formação de dirigentes». Qual o objetivo?

R – O objetivo passa por criar no jovem a missão de ser, mais tarde, um dirigente do CNE. Quando o senhor Bispo me pediu para avançar com uma recandidatura, incumbiu-me da missão de preparar, organizar e incentivar jovens, e também adultos, que tenham força, coragem e valores para serem, daqui a três anos, candidatos ao cargo de Chefe Regional da Guarda do CNE. Como disse, já não tencionava recandidatar-me e este mandato será muito provavelmente o meu último, e espero, quando sair, deixar aqui gente capaz de assumir a chefia regional e de continuar o trabalho que tem vindo a ser feito em prol do escutismo. Além disso, se concretizarmos a criação desse agrupamento na Guarda-Gare e a reabertura dos de Pinhel e Celorico da Beira, vamos precisar de dirigentes com capacidade para formar as crianças e os jovens e para serem uma referência para eles. E, nesse sentido, devemos ser capazes de encontrar esses dirigentes primeiramente dentro dos escuteiros, e concretamente na sua IV secção, os caminheiros. Daí também essa aposta na formação.

P – Há algum fator que identifique como potencial comprometedor de medidas e atividades?

R – Por enquanto não encontro qualquer fator que colida com os objetivos que pretendo levar avante neste mandato. O único senão é em relação aos dirigentes, que cada vez são menos, e também no que diz respeito à parte monetária para frequentar os cursos de formação, pois estamos a crise económica também afeta os escuteiros. Muitos deles perderam o emprego e não têm disponibilidade financeira para frequentar essas formações. A nível da Junta Regional da Guarda, estamos razoavelmente bem de finanças. Aquando da tomada de posse foi aprovado o relatório e contas, que mostra um saldo positivo, o que também nos dá alegria e vontade para levarmos por diante os nossos objetivos.

P – Como avalia o estado atual do escutismo na região e no país?

R – A nível nacional está muito bom. Estive recentemente com o chefe nacional, que me disse existirem cerca de 70 mil escuteiros, um número muito interessante e que se tem mantido ao longo dos últimos dez anos, e até com algum crescimento. Em contraciclo, a nível local, temos baixado um pouco, porque alguns agrupamentos de áreas rurais deixaram de ter crianças e tiveram de fechar. Já tivemos cerca de 1.600 escuteiros distribuídos por 28 agrupamentos, agora temos 23 agrupamentos e cerca de 1.200 escuteiros, excluindo cerca de duas centenas de dirigentes. Isto não significa necessariamente que o escutismo não esteja em crescimento, mas transparece a nossa maior aposta nas cidades e nas vilas, onde ainda há muitas crianças.

António Bento Duarte

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        assumam a chefia regional daqui a três anos»

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