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A metáfora do anão na garrafa

Companhia cubana Teatro de La Luna actua segunda-feira no auditório municipal da Guarda

A companhia de teatro cubana Teatro de La Luna apresenta segunda-feira na Guarda a peça “El enano en la botella”. Escrita por Abilio Estévez, esta metáfora engenhosa propõe um relato profundamente humano sobre a liberdade – física e de expressão -, o amor, a amizade, a solidão e o optimismo. Trata-se de uma fábula amplamente premiada enquanto peça e texto desde 2001, com destaque para a encenação de Raúl Martín e a interpretação de Mario Guerra. O espectáculo está em cena no auditório municipal.

A história é simples e decalcada da complexa realidade da ilha de Fidel Castro, que sobrevive entrincheirada entre uma revolução sem fim e o embargo americano. Neste caso, um anão enclausurado numa garrafa está no centro de uma alegoria político-social sobre as condições da sua existência – e do povo cubano. O seu relato, carregado de um absurdo sentido positivo, transforma os inconvenientes e limitações gerados pela situação em vantagens. A partir da garrafa, ele filosofa e faz desfilar teorias por si inventadas num tom de paródia e ironia, apresentando-se empenhadamente optimista e positivista. O anão é interpretado por Mario Guerra, célebre actor cubano, um papel que lhe valeu alguns prémios e o reconhecimento da crítica e que já encheu o palco nos Estados Unidos, Europa, Caraíbas, América Central e do Sul. O artista ganhou em 2001 o Prémio Luna de Actuação no Festival de Miami (EUA), enquanto a União de Escritores e Artistas de Cuba atribuiu-lhe o galardão de melhor actor. Um reconhecimento que também tem vindo a distinguir a companhia Teatro de La Luna, fundada em 1997 em La Havana. Raúl Martín, actual director, e vários actores de outras formações foram os fundadores de um grupo que se converteu rapidamente num pólo aglutinador de jovens talentos e numa companhia de grande relevância no panorama do teatro contemporâneo cubano. O trabalho do Teatro de La Luna caracteriza-se sobretudo por um domínio das linguagens coreográfica, musical e gestual, para além do recurso sistemático ao desenho e à cor nos seus cenários. Por outro lado, tem dado prioridade à dramaturgia cubana.

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