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A loucura

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A loucura e a insanidade vieram substituir a modéstia, acompanhando-se de enorme exigência para o outro e abstinência e desleixo e falta de compromisso e de militância para o próprio. As pessoas mudam para um corpo carregado de gordura, uma gordura onde se acumula mais a toxicidade e menos músculo e logo menos actividade.

O ser humano vai mudando de forma bastante visível e de forma muito rápida.

Assisti ao mapa territorial da obesidade e sua evolução desde 1970 aos dias de hoje, definindo uma nova América e nós percebemos a explosão do problema. Hoje encontramos seres humanos com 380 kgs, podendo ser ultrapassados. Encontramos gente acamada pela obesidade a quem alguém serve diariamente a insanidade. Assim percebemos que é mais doente a mãe que o filho gordo, a esposa que o marido acamado. Até indefeso, o louco mórbido recebe apoio da estrutura que com ele se afunda. A exigência de direitos e a servidão desta insanidade carrega a loucura de uma nova fronteira humana. Também o querer ter mais juventude e entregar-se a cirurgias estéticas constantes, também a constante instrução de processos contra o outro, numa cultura que leva diminuir o número de médicos, de enfermeiros, de técnicos de saúde. O preço explosivo das seguradoras tendo em conta o incremento dos processos. Toda esta loucura está a conduzir a um desafio legislativo, a uma reflexão urgente sobre limites onde as pessoas não querem nenhuns. Os limites podem ser todos ultrapassados mas nascem sempre novas barreiras que podiam balizar o bom senso, mas também esse moveu o seu território para o terreno movediço da insanidade. O aborto anticoncepcional é forçosamente nefasto à saúde e é legal. A obesidade de 350 kgs é grave, a toxicodependência é social e fisicamente degradante e nada disto é tratado compulsivamente. Insisto em que a democracia e os direitos pessoais têm de ser construídos dentro de limites e o melhor limite não é a polícia nem os hospitais. As exigências e os direitos estão a conduzir a sociedade a uma mudança do corpo e inevitavelmente do pensamento e não estou a ver melhoria nesses campos.

Por: Diogo Cabrita

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