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A Licenciatura em Engenharia Aeronáutica da UBI

Conhecer mais sobre a engenharia aeronáutica é um desejo que todos nós, independentemente da idade, temos. A grande maioria já viu um avião. Alguns, não em tão grande número, já tiveram mesmo a oportunidade de voar. Poucos sabem que aviões militares, por exemplo, podem atingir velocidades duas a três vezes superiores que a velocidade do som, que alguns aviões de treino voam com velocidades de 100 quilómetros por hora e levam um máximo de dois tripulantes, e que algumas aeronaves de transporte intercontinental podem levar mais de 300 passageiros a uma velocidade de 860 quilómetros por hora. Muito poucos, contudo, poderiam dizer quando ou como os aviões apareceram e como ocorreram as grandes transformações que levaram aos diversos tipos de aviões que hoje existem. Por este motivo, um pouco do conhecimento da história dos aviões é um óptimo tema para iniciarmos as conversas que nós, docentes do Departamento de Ciências Aeroespaciais da UBI, teremos com os leitores deste jornal, periodicamente, através deste espaço.

Não é novidade que o Homem, desde há muito tempo, persegue o sonho de voar. Ícarus e Dédalus, na mitologia grega, alçaram voo com suas asas de penas e de cera. Leonardo da Vinci, no século XV, utilizou grande parte do seu talento na tentativa de criar desenhos de máquinas voadoras com possibilidades de imitação dos pássaros. George Cayley, na Inglaterra, no final do século XVIII, idealizou pela primeira vez o conceito do voo com funções separadas para a propulsão e para a criação da sustentação, a força que se opõe ao peso da aeronave. Contam os factos que George Cayley chegou a construir um planador que realmente voou, em 1891, pilotado pelo seu motorista, o qual pediu demissão depois dessa bizarra experiência. No final do século XIX, as experiências de Chanute e de Otto Lilienthal com planadores forneceram dados importantíssimos para os primeiros voos com propulsão própria realizados no início do século XX pelos irmãos Wright, nos Estados Unidos da América, e por Alberto Santos Dumont, na Europa. O século XX foi rico em acontecimentos que fizeram evoluir os diversos sectores da aviação. As primeiras travessias do canal da Mancha, o uso de aviões militares na Primeira Guerra Mundial, o voo solitário de Charles Lindberg através do Atlântico Norte, entre os continentes americano e europeu num pequeno monomotor, os primeiros aviões de transporte, os caças e bombardeiros da Segunda Guerra Mundial, o aparecimento do motor a jacto, os primeiros voos supersónicos, os aviões a jacto para transporte de passageiros, os aviões de transporte de grande capacidade (wide bodies), o Concorde, o primeiro avião comercial supersónico, as sondas interplanetárias, a chegada de engenhos humanos a Marte. O século XXI, por sua vez, já começou com grandes perspectivas com o desenvolvimento de novas aeronaves de dimensões e desempenho impressionantes, como o Airbus 380 e o projecto do Boeing 787.

Com toda essa evolução a acontecer de forma tão rápida e espectacular, não é de admirar que todos nós, especialmente os mais jovens, sejamos atraídos pelas maravilhosas máquinas voadoras. Vários se encantam pela pilotagem desses engenhos e procuram as escolas de pilotagem aonde aprendem a arte de voar. Outros, talvez com mais curiosidade criativa, sonham serem capazes do desenvolvimento e da fabricação desses engenhos voadores. Buscam, então, um tipo de engenharia que lhes permita entender os aspectos científicos do voo e o projecto dos diferentes tipos de aeronaves. É por esse motivo que a engenharia aeronáutica é tão atraente. A Universidade da Beira Interior, ciente da urgente necessidade de criação de recursos humanos qualificados no domínio aeroespacial a nível nacional, foi pioneira na criação desta licenciatura (em 1991) estruturada de raiz para atender às reais necessidades das empresas e organizações actuantes neste importante sector de actividade. A aeronáutica é, sem dúvida, uma das mais promissoras áreas de desenvolvimento económico a nível internacional, envolvendo tecnologias de ponta em diversos domínios e um crescente investimento em investigação científica. Portugal tem, pois, condições de oferecer a possibilidade de corresponder às expectativas daqueles que, sentindo fascínio pela aeronáutica e espaço, querem seguir uma formação académica numa das mais nobres e desafiantes áreas do saber, dando o seu contributo para o tão ambicionado desenvolvimento nacional. No que toca a esta Universidade, e em concreto ao seu Departamento de Ciências Aeroespaciais, estaremos, como sempre, abertos à colaboração com todos os que partilham deste objectivo e vivem a paixão do voo com grande intensidade. Esperamos por si!

Por: Ivan Camelier *

* Presidente do DCA

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