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A interioridade «só está nas nossas cabeças»

Cooperação entre região Centro e Castela e Leão deve intensificar-se com o alargamento da UE

Com a integração europeia e tendo Espanha como principal parceiro económico, a interioridade da Beira Interior «só está nas nossas cabeças». A afirmação é de Augusto Mateus, ex-ministro da Economia, que defendeu quinta-feira no Nerga, num debate sobre “As Vantagens da Cooperação” entre o Centro de Portugal e Castela e Leão, que as duas regiões devem aproveitar esta aproximação para «enterrar o D. Sebastião que é a interioridade» e afirmarem-se no contexto ibérico e europeu como um novo centro polarizador da UE. Um desafio a que Pedro Saraiva, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), espera responder com o programa QUERER 2013 – Quadro Estratégico de Referência Regional.

Durante dois dias vários especialistas debateram na Guarda a temática da cooperação e da inovação, a convite do Conselho Empresarial do Centro (CEC), promotor do Encontro Transfronteiriço de Cooperação Empresarial e Institucional. O Nerga acolheu ainda a “Coopera 2005”, uma mostra multisectorial com 68 stands de empresas e instituições de ambos os lados da fronteira, que terminou no domingo. Almeida Henriques, presidente do CEC, destacou a presença naquele certame da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) da Guarda, do Porto Comercial da Figueira da Foz e do Parque Empresarial de Mundão (Viseu), três iniciativas que considerou «estruturantes e um exemplo a seguir pela região na atracção de investimento». Isso mesmo entenderam os promotores destes dois últimos empreendimentos, que trouxeram até à Guarda vasta e diversificada informação sobre os seus projectos, ao contrário da PLIE local apenas representada por duas plantas no espaço da Câmara da Guarda. No campo dos debates, Augusto Mateus traçou o perfil das duas regiões em causa e encontrou «muitas semelhanças». Estão ambas envelhecidas, têm uma boa especialização industrial, estão próximas de Madrid, Lisboa e Porto, para além de serem atravessadas pela principal rodovia ibérica de ligação ao resto da Europa. «São regiões onde se trabalha muito, mas com pouca eficiência», alertou o economista.

Por isso, a aposta do futuro passa pela internacionalização das suas empresas, a competitividade e a economia do conhecimento. «Com o alargamento da UE, Portugal e Espanha ficaram mais perto pelo que têm toda a vantagem em cooperar, o mesmo acontecendo com os seus empresários. E não vale a pena continuarmos a ser subdesenvolvidos no nosso relacionamento», adiantou, sublinhando que os portugueses vão ter que aprender castelhano e os espanhóis português para melhor se entenderem. Na sexta-feira, o presidente da CCDRC desafiou empresários, autarquias e associações a construírem uma região inovadora e competitiva até 2013. «A região Centro será muito diferente a partir de 2007. Com a integração de municípios do Médio Tejo e do Oeste terá cem concelhos e 2,4 milhões de pessoas, mas também diversidade industrial, policentrismo urbano, recursos naturais únicos e conhecimento», referiu Pedro Saraiva, que espera ver alcançado o desafio do «valor acrescentado». Para tal, propõe o programa QUERER 2013 – Quadro Estratégico de Referência Regional com o lema “O Centro do Futuro”, que começa a ser delineado este ano. Durante o encontro foram ainda apresentados dois guias do investidor em Castela e Leão e na região Centro, bem como um guia das feiras de ambos os lados da fronteira.

Luis Martins

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