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A importância de ser bonito

130 gatos visitaram Trancoso no último fim-de-semana e o sucesso da iniciativa foi tal que vai repetir-se para o ano

Caprichosos, pachorrentos, independentes e… charmosos. Trancoso recebeu no último fim-de-semana 130 gatos, das mais variadas raças e vindos de todo o mundo. Preparados a rigor pelos donos – como se de verdadeiras estrelas de cinema se tratassem – os bichanos desfilaram no Pavilhão Multiusos e esbanjaram charme na passerelle. Tudo para impressionar os exigentes juízes – um holandês, uma eslovaca e um italiano – da Exposição Felina Internacional, organizada pelo Clube Português de Felinicultura (CPF), com o apoio da empresa municipal Trancoso Eventos.

O concurso de beleza felina contou com a participação de um criador inglês e vários portugueses, mas a maioria dos felinos veio do país vizinho. Mas, afinal, o que é preciso para dar cartas no mundo da “moda gatil”? «Cada raça tem o seu próprio padrão de beleza estereotipado», explica João Noronha, presidente do CPF. E quando se trata de eleger o melhor, nada é descurado, «desde a configuração anatómica do corpo, ao tamanho da cauda, ao formato da cabeça e das orelhas», prossegue. Além disso, e à semelhança do universo glamoroso da moda, há também o chamado “factor X”, ou seja, o temperamento de cada animal. «Há gatos que até sabem dar “graxa” ao juiz, sabem dar a sua “marradinha” e conquistar-lhe a atenção», brinca o responsável, enquanto aproveita para revelar que Portugal foi o país escolhido para receber, este ano, a 25 e 26 de Outubro, a Exposição Mundial Felina.

Já Trancoso parece ter caído nas boas graças dos criadores. O sucesso da iniciativa do último fim-de-semana foi tal que ficou, desde logo, agendada nova exposição para 7 e 8 de Março de 2009. Os ratos que se cuidem.

O “Famoso” que já era famoso antes de o ser

Mas ser vencedor não é para todos. O “Famoso” reage com naturalidade às intromissões dos fotógrafos. Afinal de contas já está mais que habituado aos flashes e não se coíbe em posar para os retratos. É que este “Famoso” já era famoso mesmo antes de o ser. Natural de Arruda dos Vinhos, onde mora com os seus donos e outros 19 companheiros, o gato já correu meio mundo a exibir o seu porte. É um Bengal com três anos e meio, pesa sete quilos e é reconhecido, entre outras qualidades, pelo seu temperamento de charme. É um gato novo, por isso ainda tem uma longa carreira pela frente. Entretanto, já foi considerado o “melhor do mundo” em Itália (2005), Holanda (2006) e Eslováquia (2007). Há 14 anos que o casal Jerónimo se dedica à criação de felinos. «A aventura começou com os persas», mas uma vez descobertos os Bengal, a paixão ficou. Apesar de não ser difícil encontrar na Internet centenas de gatos, portugueses e estrangeiros, com “pedigree”, o casal garante que este universo «não é um negócio rentável».

É que há o investimento inicial na aquisição de um bom gato, sendo que os preços podem rondar os dois a três mil euros. Aliás, acrescenta o dono do “Famoso”, «dificilmente algum dos gatos presentes neste pavilhão custará menos de mil euros». E depois há a manutenção dos animais, já para não falar no controle das ninhadas, porque «nenhuma gata pode ter mais de três em cada dois anos», explica João Jerónimo. Dos campeonatos «raramente se levam prémios monetários» – por norma, as distinções são atribuídas sob a forma de sacos de comida – e há que suportar os custos das viagens e das exposições. Em suma, e contrariamente ao que se possa pensar, este é um ramo de negócio que «dá sempre prejuízo», garante.

Gato de Aguiar da Beira melhor doméstico

Quem chegou, viu e venceu foi Marley Dinis, o “mui excelso” gato doméstico residente em Gradiz (Aguiar da Beira), que arrebatou as simpatias dos juízes e conseguiu levar para casa o prémio de melhor doméstico. E isto apesar de ser o único felino da região a concurso. O ilustre beirão, pertença de Carla Pinto e Armandino Ribeiro, foi inscrito à última da hora. No concurso propriamente dito, e no sábado, venceu o Midas, persa de Vila Real (categoria de melhor pêlo longo), o Duke Eligton, um Maine Coon de Lisboa (melhor pêlo semi-longo), o Famoso (melhor pêlo curto) e a Glória Geynor de Vill, oriental de Espanha (melhor siamês/oriental). No domingo, os prémios foram atribuídos aos mesmos felinos, à excepção da categoria de melhor siamês/oriental, em que venceu o Azabache, um oriental lisboeta.

Rosa Ramos

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