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«A I-Start é uma aceleradora de ideias e negócios»

Cara a Cara – Hélio Fazendeiro

P – Que objetivos levaram à fundação da Associação I-Start?

R – Na prática, a I-Start teve a sua génese na organização do TEDx Covilhã, realizado em 2011 por cinco amigos que acreditam na pró-atividade, no empreendedorismo e que decidiram pôr mãos à obra e organizar um evento de nível mundial como o TEDx. Na sequência surgiu a I-Start – Associação para a promoção do Empreendedorismo, da Inovação e Start Up’s. O objetivo é congregar os empreendedores da região da Beira Interior, ser uma aceleradora de ideias e de negócios, promover o ecossistema de empreendedorismo e da troca de experiências e de conhecimentos entre empreendedores da Beira Interior e contribuir para o desenvolvimento económico da nossa região.

P – Quem são os co-fundadores?

R – Sou eu, o Vasco Pereira, o Nuno Neves e a Dina Cruz. Somos de áreas diversas, desde Economia, Sociologia, Engenharia e Gestão.

P – Porque decidiram apostar na criação desta associação?

R – Como já disse, a associação acabou por ser uma sequência da organização do TEDx. O seu sucesso levou-nos a acreditar que havia espaço na Beira Interior para organizar este tipo de atividades e de eventos. Neste momento, a parte mais visível da I-Start é o site www.i-start.pt que está ativo com um conjunto de itens que vão sendo enriquecidos ao longo dos próximos tempos. Temos também a organização de um grande evento de aceleração de ideias, o “Startup Weekend” que vai decorrer em novembro, na Covilhã.

P – Em que vai consistir o “Startup Weekend Covilhã”?

R – O objetivo é reunir, em 54 horas ininterruptas de sexta-feira a domingo, jovens ou menos jovens, pessoas que tenham ideias, pró-atividade, que sintam vontade em arriscar, em empreender e que se queiram juntar em equipa para desenvolver essa ideia. O “Startup Weekend” é também um modelo internacional que se vai realizar em 136 países. O objetivo é reunir esses potenciais empreendedores e também mentores setoriais em cada uma das partes importantes que compõem a elaboração e o desenvolvimento de um plano de negócios. Durante essas 54 horas os participantes expõem as suas ideias, votam nas ideias que querem trabalhar, constituem-se equipas, é preparado o seu plano de negócios, o seu “pitch”, a sua apresentação para convencer os investidores a investirem nela e de que tem validade no mercado. Para isso, têm a ajuda dos mentores especializados, pessoas já empreendedoras no mercado, como administradores e gestores especialistas em cada uma das áreas. No final há um júri que irá votar pela melhor ideia e na assistência haverá um conjunto de investidores e de “business angels” que esperamos que possam apoiar depois a sua concretização.

P – Como é que se pode acelerar o desenvolvimento de uma ideia empreendedora?

R – O networking é muito importante, os contactos, não basta ter uma boa ideia, nem dinheiro. É preciso conseguir conciliar todos os fatores. É preciso que essa boa ideia seja bem pensada, dimensionada, estruturada e depois chegue aos ouvidos das pessoas que poderão eventualmente ter interesse e investir, daí a nossa aposta muito forte na promoção do que chamamos ecossistema de empreendedorismo da Beira Interior. Será fundamental encontrar outros parceiros, pois pretendemos incluir e trabalhar com toda a gente que trabalhe e queira trabalhar na área do empreendedorismo na região, desde logo com a parte institucional à cabeça. É muito importante conseguirmos envolver a UBI e os Politécnicos da Guarda e de Castelo Branco, tal como as autarquias e os parques de ciência e tecnologia. Também é muito importante conseguirmos dinamizar e agregar os empreendedores, as pessoas que gerem empresas na nossa região e já têm experiência de mercado, que já cometeram erros e já se debateram com os problemas que aqueles que neste momento querem desenvolver a sua ideia vão encontrar. Poder-se-á encurtar esse caminho de chegada ao mercado com esta troca de informação e de experiência. Já há um conjunto de empresas que se associaram e estão a colaborar connosco, pois o tecido económico da região é para nós um parceiro absolutamente fundamental e decisivo.

P – A nível de financiamento, a associação poderá ajudar financeiramente os projetos?

R – Essa é uma possibilidade e estará dentro da perspetiva da I-Start. Agora, sendo nós uma associação sem fins lucrativos evidentemente que os fundos que consigamos angariar serão reinvestidos na atividade da própria associação. Se o nosso objetivo é promover empreendedorismo, é natural que haja depois condições para criar fundos para apoiar a promoção do empreendedorismo.

P – A conjuntura de crise é potenciadora do empreendedorismo?

R – Sim, a necessidade aguça o engenho e acredito que não somos empreendedores só quando criamos uma empresa. Podemos sê-lo também no nosso dia-a-dia, na nossa vida pessoal, mas também no nosso trabalho. O empreendedorismo é uma pró-atividade crítica em relação à atividade que desenvolvemos regularmente e isso é um hábito importante que talvez este cenário de crise tenha vindo estimular. Isto porque as pessoas, encontrando-se numa situação de desespero, desemprego e desânimo, muitas vezes vão buscar forças e começam a imaginar e a tentar dar a volta à situação, agindo e não chorando sobre o leite derramado, mas antes tentando arranjar soluções para o seu problema, muitas vezes com grande criatividade e sem necessidade de grandes recursos financeiros. Para se ser empreendedor com um negócio próprio é preciso acreditar e ter um grande espírito de sacrifício, capacidade de trabalho e uma resilência muito elevada porque as dificuldades são muitas. Quem vem para este meio do empreendedorismo empresarial tem de ter uma grande capacidade de resistência e de resiliência.

Hélio Fazendeiro

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