A língua e a escrita são processos em constante evolução. Porém, a Língua Portuguesa merece uma especial atenção, e isso deve-se ao nosso passado histórico. Não nos podemos esquecer do grande “herói português”, que espalhou no século XV, por todo mundo as suas influências religiosas, culturais e linguísticas. É por este motivo que desde sempre os nossos dirigentes políticos tiveram a preocupação de criar, entre os oito países onde se fala a língua portuguesa, uma língua e escrita unificadas. Esta preocupação manifestou-se já em 1911, ano em que Portugal praticou a primeira reforma ortográfica, não tendo esta contado com a participação do Brasil. Após esta reforma foram várias as tentativas, que durante o século XX, Portugal e Brasil fizeram para chegarem a uma ortografia comum. Algumas dessas tentativas contaram com a participação dos Países Africanos, emergentes da descolonização portuguesa.
Apesar de terem passado já cerca de 20 anos sobre a aprovação do acordo ortográfico de 1990, este mantêm-se válido e atual e necessário no âmbito lusófono e internacional. Porque a Língua Portuguesa é um instrumento de comunicação de oito países, torna-se por isso urgente que disponha de uma ortografia unificada. Também se mostra necessário no âmbito pedagógico, ou seja é importante que em todas as escolas onde se aprende a Língua Portuguesa se aprenda também uma ortografia comum a todos os oito países e não duas.
É importante sublinhar que este novo acordo apenas afeta a ortografia e não interfere nem na oralidade nem nas variações gramaticais ou lexicais. Eliminaram-se, como já se fazia no Brasil, as consoantes surdas (ótimo e ato em vez de óptimo e acto). Reduziram-se e sistematizaram-se melhor as regras de emprego do hífen, sobretudo nas formações por prefixação, recomposição e justaposição. Por exemplo a palavra anti-religioso passa agora a antirreligioso, porque o prefixo termina em vogal e o elemento que se segue inicia-se por “r”, acontecendo o mesmo nos elementos iniciados por “s”, como a palavra micro-sistema que passa a escrever-se microssistema. Suprimiram-se alguns acentos gráficos, nomeadamente nas palavras graves dos verbos na segunda conjugação, em formas como creem e na 1ª pessoa do plural no pretérito perfeito (amamos em vez de amámos). Em palavras como económico (ou econômico no Brasil) manter-se-ão as duas grafias por a pronúncia ser diferente nos dois lados do Atlântico.
Esta unificação será difícil principalmente para os adultos, já habituados a um certo tipo de escrita. Dependerá, também em grande parte dos meios de comunicação social em aplicar nos seus produtos este novo acordo ortográfico, para que os leitores ou espectadores se habituem com uma maior facilidade a esta nova escrita. Neste momento o Expresso, o Record, a Visão, O Interior (e o EXPRESSÃO) já se publicam com a nova grafia.
Mas, independentemente das possíveis dificuldades sentidas pelos adultos, é fundamental assegurar que as gerações vindouras aprendam realmente a escrever com maior facilidade, como garante este novo acordo ortográfico.
Tatiana Cruz (12º D)