«A História Íntima da França Sob a Ocupação Nazi. 14 de Junho de 1940, as tropas alemãs avançam para Paris. O “Vitor de Verdun”, o Marechal Pétain, pede o armistício. As condições são ruinosas. Com instruções para agirem “corretamente” com os franceses, os soldados alemães fazem uma operação de charme. O objetivo é fazer com que a ocupação seja aceite para manter a ordem» (http://www.rtp.pt/programa/tv/p27696)
A referida resistência em França permitiu que o país fosse libertado há cerca de 70 anos, o mundo mudou muito, a chamada Guerra Fria terminou com a derrota da antiga União Soviética, mas a luta de classes à escala transnacional e nos diversos quadros nacionais não enfraqueceu até porque, ao contrário do aventado por uma espécie de boato tonto que entretanto se dissipou, a História prossegue.
Atualmente não se trata de promover e financiar a invasão de algum país, o capitalismo pretende efetivamente consolidar e eventualmente reforçar os seus poderes, de providenciar a satisfação da sua sempre crescente e inesgotável gula, de intensificar a exploração dos povos em geral e das classes trabalhadoras em especial. E aqui, na Europa, a avaliar pelos mais óbvios e significativos sinais que nos chegam, é de novo a Alemanha que comanda esse conjunto de virulências desencadeadas contra as populações, contra os direitos de quem trabalha, sobretudo contra o projeto de substituir o atual modelo social pela construção de uma sociedade justa e de rosto verdadeiramente humano. Diz-se que os alemães olham os europeus do sul com desagrado porque os consideram preguiçosos, mal governados e parasitários. É possível, é mesmo provável.
Mas talvez não seja excessivo, nem fantasioso, nem desvairado, admitir que por debaixo dessa caracterização que serve um pouco de cobertura está a memória, ainda que não formulada com nitidez, de que os povos europeus do sul fizeram revoluções políticas.
Importa enfatizar que os alemães apoiaram Franco no derrube da República Espanhola. Em Portugal, a Revolução de Abril e na Grécia houve convulsão social no pós-guerra.
É bom que tenhamos memória, foram os EUA que utilizaram a bomba atómica em Hiroshima e Nagasaki, precisamente a 6 de agosto de 1945, matando milhares de japoneses. Volvidos 68 anos, o mesmo sistema capitalista, que fomentou a IIª Guerra Mundial, utiliza outras ferramentas para destruir as conquistas de muitos povos. Seria bom que muitos vissem o referido documentário francês que a televisão pública transmitiu – pena que seja apenas na RTP2 – para recordarem o que emerge da substância política dos invasores nazis, agora com uma espécie de sabor atual, ainda que não contaminado pela peculiar selvajaria nazi fascista: «Estamos aqui para destruir a Revolução de 1789».
Avaliemos os ventos “venenosos” que nos chegam de Berlim, Bruxelas, ou de quase toda a Europa central já de facto dominada, «ocupada», pela Alemanha e reflitamos se não é possível encontrar neles um eco das palavras proferidas em Paris, há perto de 70 anos, por um ocupante nazi. O caminho é a luta pela construção de uma alternativa política. Naturalmente que esta existirá tão breve como o povo queira e é fundamental para novos ventos de mudança.
Por: Honorato Robalo
* Dirigente da Direção da Organização Regional da Guarda do PCP
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