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A Guarda precisa de uma estratégia turística

Fio de Prumo

Já se definiu o que é turismo? Uma pergunta simples, mas de resposta complexa. Para muitos o turismo não passa de dar umas voltas, preferentemente de calções e de chinelos, de máquina ao peito, a beber umas cervejas, dar uns mergulhos, fazer umas passeatas – e pouco mais.

Só que o turismo é muito mais do que isso. É um processo complexo, com importantíssimos impactos no ambiente e no meio urbano, nas sociedades e nos indivíduos. Tem implicações financeiras, ambientais, de conhecimento.

Como em todas as coisas da vida, há bom e mau turismo, há bons e maus turistas, há bons e maus serviços prestados a turistas. Nada disso tem a ver com riqueza de quem recebe, ou de quem visita. Paris, por exemplo, tem boas ofertas quer para multimilionários, quer para mochileiros com pouco dinheiro. E a Costa Alentejana, outro exemplo, é um destino cada vez mais qualificado ao alcance de todas as bolsas.

O que é necessário é definir quem faz o quê, quando o faz, onde o faz, como o faz. Todas as motivações são importantes, umas dependem da vontade de quem faz turismo, outras dependem de quem o promove. É aqui que reside a chave da questão.

Há destinos turísticos conhecidos, procurados e promovidos pelas mais variadas razões, desde a praia, a natureza, o turismo cultural, o religioso, o gastronómico, o desportivo, de saúde, ou outros.

Dito isto, vamos à pergunta que se impõe: que tipo de turismo a Guarda e a sua região oferecem aos visitantes de forma clara e explícita? Qual é o conceito, ou conceitos, da sua oferta turística? Património urbano, natureza? A que mercados-alvo se dirige? Que meios de divulgação privilegia em detrimento de outros?

Perguntado de outra maneira: qual é a imagem de marca da Guarda? Qual é a aposta estratégica da sua autarquia, dos seus serviços de turismo, e dos seus empresários e investidores ligados ao setor?

O meu ponto é este. E sei bem que a resposta não é fácil. Quer a Sé, quer a Serra, quer o turismo de saúde (e desportivo) – só para mencionar pontos de partida óbvios – não oferecem, só por si, resposta satisfatória. Logo, é necessário que a cidade gere uma liderança que promova e conduza uma discussão sobre um tema que é crucial para o seu futuro e da região.

Este desafio dirige-se, claro está, à Câmara e ao seu presidente. Mas não só! O tecido empresarial, as associações cívicas e culturais, o Instituto Politécnico têm, não só o interesse, mas o dever ético e moral de promoverem o debate e de apresentarem propostas consistentes para discussão.

De que é que estão à espera?!!

Por: Acácio Pereira

* Dirigente sindical

Comentários dos nossos leitores
A.Monteiro aug.mont@sapo.pt
Comentário:
A região, por ser interior, não tem nem portos nem aeroportos.Para captar turistas é necessário que seja mais atrativa e competitiva. É imperioso concretizar as barragens planeadas para os rios Côa e Mondego além de outras albufeiras para compensar as alterações climáticas que vêm transformando a região num deserto progressivo. É ainda necessária a construção de um aeródromo que possibilite a vinda de gente endinheirada e da classe empresarial nacional e estrangeira, além de que é a única região do país que ainda não possui tal infraestrutura. O aeródromo no Alto do Leomil, que foi planeado, nunca foi executado.
 
Daniel danielpeterlo@hotmail.com
Comentário:
QUO VADIS GUARDA? Empobrecimento, Desertificação e abandono
 

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