1. Se não é, parece; ninguém se entende na CIM das Beiras e Serra da Estrela!
Da sede, à constituição dos órgãos, tudo é posto em causa. A estratégia possível tem sido adiar e empurrar com a barriga.
O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
As CIM são entidades artificiais; a nossa CIM deveria ser o Distrito. A força da Guarda vem da sua centralidade e capitalidade, da unidade dos seus 14 concelhos, ao longo de séculos. É patético alguém querer pôr em causa a localização da sede da CIM. A Guarda não se discute! Era o que faltava…
Os concelhos do Distrito da Guarda não são os meros elementos estatísticos.
Parem de levantar problemas que não fazem sentido, nem existem.
Antes mudar de CIM.
2. O gozo que dá a certos “intelectuais” falar de cabras sapadoras na prevenção de fogos florestais na valorização dos territórios rurais, ou no combate ao despovoamento com a fixação de novos povoadores, é diretamente proporcional à noção de “interior de alcatifa”, que é a única que têm da região e do país.
Para os teóricos do ordenamento há muitos interiores e respostas diversas para as situações que a realidade nos apresenta. Mas há uma linha orientadora que parece fazer vencimento, inspirada em vários modelos de países europeus, a começar pelo exemplo que nos chega de Espanha.
A ideia que a aposta nas cidades médias é a solução tem a sua lógica. Não pode haver tudo em todo o lado e por isso deve-se concertar serviços, emprego e pessoas nas referências urbanas de determinado território. As aldeias e muitas vilas e cidades, sedes de concelho, são para ir morrendo aos poucos.
O que vemos na Província de Salamanca – tudo concentrado na cidade capital, meia dúzia de localidades com 10/15 mil habitantes e centenas de pequenos “pueblos” vazios e sem ninguém, numa área igual a toda a região Centro – é, por mais que o escondam da opinião pública, o modelo que defendem para os territórios de baixa densidade. Esquecem desde logo que em Portugal há uma forte tradição municipalista, única entre os ordenamentos administrativos europeus e que a ligação afetiva à aldeia, à freguesia, o papel dos seus autarcas e instituições da sociedade civil, resiste a todas as tentativas de extermínio em massa da paisagem rural, física, humana, cultural, do interior do país.
Todos temos terra, todos temos a nossa aldeia. O perigo do total despovoamento de vastos territórios e de uma ainda mais notória inclinação do país para o litoral, já não é para o médio prazo, está já a ser agora mesmo. Podem esses especialistas do urbanismo e da geografia humana e económica sublinhar que tem aumentado o efeito polarizador dos centros urbanos de média dimensão, como acontece na nossa região, mas é imperioso confrontá-los com a inevitabilidade desse crescimento ser feito à custa do desaparecimento, da desvitalização, do espaço circundante, a morte do mundo rural, como se as cidades fossem ilhas no meio de nada!
Por: Santinho Pacheco
* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda