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A Guarda hipotecada?

Opinião

Ninguém hoje questiona o diagnóstico: a Guarda perdeu todas as oportunidades de desenvolvimento. E aquele potencial que sempre foi apontado como vantagens comparativas esboroou-se e não mais restam do que oportunidades perdidas. Ao mesmo tempo, fomos perdendo capitalidade e liderança: a Guarda devia liderar economicamente, alavancando desenvolvimento para o distrito e para a região; mas, sobretudo, deveria liderar politicamente, impondo a sua voz e exigindo tudo a que temos direito. Ao invés, não afirmámos qualquer estratégia e são outros a dizer o que querem para a região…

Como consequência, vamos definhando, perdemos tecido produtivo e pessoas, perdeu-se dinâmica… E o retrato do que hoje somos espelha-se cruamente nas ruas do centro da nossa cidade, a um qualquer dia de semana, e mais ainda ao fim-de-semana: ruas desertas, lojas vazias ou encerradas e o comentário repetido dos transeuntes: «A Guarda parece uma aldeia…».

Aqui chegados, já tarde, restava-nos fazer o que não foi feito: retomar as prescrições do Plano Estratégico, que, no essencial, mantêm toda a validade. Acontece, porém, que estamos hoje numa situação de contingência. As limitações financeiras e o apertado controlo por parte do Estado exigem um novo pensamento, novos objetivos e estratégias. E quais são esses objetivos, qual é a nova estratégia proposta pela Câmara Municipal? Os vereadores do PSD bem têm questionado a maioria, mas sempre sem qualquer resposta… E a ausência de respostas só pode querer significar ausência de ideias…

Claro que fica por tratar a responsabilização de quem nos conduziu a esta situação de calamidade financeira e hipoteca do futuro. E não, não se diga que a culpa é da crise nacional ou europeia. Esta situação é devida exclusivamente a irresponsabilidade e incompetência! Quem não se lembra das promessas de reequilíbrio financeiro, que deram origem, aliás, a capas de jornais?

O que urge fazer é do domínio do intangível. Mas há inúmeras ideias para tornar a Guarda atrativa e desenvolvida. Assim haja capacidade para pensar e executar. E liderança, ponto de partida! Para atrair empresários e investimento não é preciso dinheiro da autarquia; é preciso dinamismo (na Guarda, em vez de se chamarem os investidores, repelem-se). Não é preciso dinheiro para se dinamizar o centro histórico; não é preciso dinheiro para se rever o PDM; não é preciso dinheiro para planear a Guarda do futuro, com um urbanismo de qualidade, que a Guarda nunca teve! E, apesar das contingências, as apostas mais decisivas para o desenvolvimento ainda não foram feitas. Em especial o turismo, que sempre foi apontado como nevrálgico, mas não mereceu ainda prioridade política – e o pouco que se fez, fez-se mal e com nulos resultados.

Claro que sim, a Guarda tem futuro! Com criatividade e ambição, novas lideranças e um novo ciclo político!

Rui Quinaz

* Vereador do PSD na Câmara da Guarda

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