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A Fotossíntese

Mitocôndrias e Quasares

Quando, há cerca de quatro mil milhões de anos, surgiram os primeiros seres vivos a sua existência viu-se em seguida seriamente ameaçada ao esgotarem-se as reservas do terreno de cultura original. Esta crise foi muitíssimo mais dramática do que as negras perspectivas que hoje nos auguram economistas e futurólogos em consequência da diminuição das matérias-primas.

A vida, no entanto, não só soube abrir caminho como superou a crise energética de uma forma tão engenhosa como elegante.

A célula encontrou uma solução económica, inteligente e ilimitadamente válida para produzir ela mesma todas as moléculas de que necessita para sobreviver a partir da forma de energia mais abundante do planeta Terra, a luz do Sol, assim como de formas de matérias muito simples e igualmente abundantes, como o anidrido carbónico e a água.

Este processo, mediante o qual a energia solar se transforma em energia química biológica utilizável, é a fotossíntese.

Em primeiro lugar, para resolver o problema energético pela fotossíntese, havia que conseguir corpúsculos, neste caso moléculas, capazes de captar a luz do Sol. Desta tarefa encarregaram-se os pigmentos das folhas que absorvem diferentes comprimentos de onda da luz solar mediante antenas especiais. Para captar esta luz, com o objectivo de aproveitar ao máximo a energia solar, no decorrer da evolução, desenvolveram-se vários pigmentos, sendo o mais importante de todos a clorofila.

Os pigmentos estão contidos em orgânelos especiais do citoplasma das células vegetais. Estes orgânelos recebem o nome de cloroplastos e têm formas muito diferentes, podendo ir desde esféricos, passando pelos que apresentam forma de estrela, até aos que possuem formato de gargalo ou tira. O interior dos mesmos, rodeado por uma dupla membrana, está ocupado por várias camadas membranosas empilhadas numa sequência regular em que alternam sempre uma camada rica em proteínas (hidrossolúvel ou hidrófila) e outra rica em gorduras (hidrófoba). Os pigmentos alojam-se entre camadas adoptando uma posição determinada: com o extremo hidrossolúvel, penetram na camada proteínica e, com o hidrófobo, na lipídica. Deste modo, não só se orientam perfeitamente entre as lâminas tilacóides, mas fomentam ainda o fluxo de energia luminosa absorvida.

Para facilitar este fluxo, as membranas contam com outros importantes factores auxiliares da fotossíntese. Deste forma, a energia captada distribui-se progressivamente e é absorvida em pequenas quantidades.

A importância da fotossíntese, que é realizada nas células vegetais, prende-se com o facto das plantas manterem o fluxo de vida sobre o planeta Terra. A energia do Sol não só as ajuda a introduzir corpúsculos básicos e outras substâncias vitais para a subsistência das plantas mas também, ao estimular o seu crescimento permite que se convertam numa reserva alimentícia para os restantes seres vivos. Os animais obtêm as substâncias necessárias para o seu desenvolvimento e multiplicação tanto em segunda mão, ao comer directamente as plantas, como em terceira mão, ao comer animais que se alimentam delas.

Por outro lado, a fotossíntese poderá ser uma solução para o problema energético, uma vez que os cloroplastos são os melhores colectores solares que podem encontrar-se pois utilizam materiais simples e trabalham com grande economia de meios. São capazes de fazer algo com que sonham os especialistas em energia: captar a luz do Sol, transformá-la em energia química barata e utilizar a restante, sem grandes perdas, para as mais diversas tarefas: para aquecer, para arrefecer, para trabalhos mecânicos e, até, para a actividade intelectual.

Mas quanto tempo levará o Homem para imitar a evolução e descobrir um sistema que lhe permita aproveitar com grandes benefícios económicos a energia solar, da qual existe ao dispor em quantidades ilimitadas?

Por: António Costa

Imagem retirada de http://www.brasilescola.com/upload/e/fotossintese.jpg

A Fotossíntese

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