O Paço da Cultura apresenta, até ao final do mês, uma extraordinária exposição de fotografia do espanhol José Núñez Larraz (1915-1995). Perto de três dezenas de imagens compõem a “Antologia Pessoal” que o próprio seleccionou em colaboração com a Filmoteca Regional de Salamanca, de onde era natural.
A mostra revela perspectivas deslumbrantes de paisagens de Castela e Leão, natureza mortas, aspectos do dia a dia de Salamanca, romarias, retratos e várias abstracções notáveis, que fazem desta proposta uma das mais interessantes da programação cultural da cidade. José Núñez Larraz nasceu em Salamanca, mas aos 13 anos viajou para Madrid para ser tipógrafo, a sua verdadeira profissão. Aí tirou as suas primeiras fotografias, numa máquina extremamente rudimentar que conservou toda a vida. Participou na Guerra Civil no campo republicano, mas exilou-se em França em 1939, acabando por ser preso no regresso a Espanha. Quando saiu da prisão de Salamanca, foi trabalhar como chefe das oficinas do diário “El Adelanto”, propriedade da sua família, e continuou a dedicar-se à fotografia. Nos anos 50 prefere as abstracções a preto e branco às paisagens e naturezas mortas captadas até então. Esta é a sua fase mais pessoal. É que, para Núñez, «a coisa mais insignificante merece ser exposta como fragmento da História». José Núñez Larraz foi ainda o fundador do Agrupamento Fotográfico de Salamanca, do Grupo Livre de Fotografia e da Sociedade Fotográfica, tendo sido eleito para o Ayuntamiento em 1980. Um cargo a que renunciou pouco depois para regressar à fotografia, mas desta vez mais figurativa e naturalista. Os seus trabalhos têm merecido vários prémios, nomeadamente “Romaria”, incluída nesta exposição. Em 1992, foi galardoado com o Prémio Castilla y Léon das Artes pelo seu percurso profissional e o seu papel na formação de uma nova geração de fotógrafos em Espanha. O seu espólio foi doado à Filmoteca Regional de Salamanca, que se tem encarregado de o divulgar pela Europa.
