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«A fibromialgia é uma doença muito mal conhecida»

Cara a Cara – Entrevista

P – O que é a fibromialgia?

R – É uma doença reumática de causa desconhecida, embora se estudem várias teorias, mas não há nada concreto. É uma doença de natureza funcional e que provoca dores generalizadas a nível muscular, ligamentos e tendões. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, não é uma doença que atinge os ossos ou as articulações. As dores generalizadas podem também ser acompanhadas por alterações de sono, fadiga, ou ainda cefaleias e alterações de memória, concentração, atenção e, como o povo diz, formigueiro, perda de sensibilidade. Consta também que pode ser acompanhada por depressão, mas é uma doença muito mal conhecida tanto a nível da sociedade, como da medicina, e muitas vezes é confundida com outro tipo de doenças. Afecta mais as mulheres que os homens, sendo a taxa cinco a nove vezes superior. A fibromialgia afecta cerca de dois por cento da população mundial e pode surgir entre os 20 e 50 anos. No entanto, também pode aparecer na idade escolar. Eu, por exemplo, tenho uma paciente com 15 anos.

P- E que limitações pode provocar?

R – Vai limitando a mobilidade e a força de trabalho, e falo da dor mais a fadiga. Normalmente, estes doentes são pessoas muito hiperactivas, que gostam de trabalhar, muito responsáveis, perfeccionistas e capazes de trabalhar horas e horas a fio, esquecendo o descanso e o lazer.

P – Quando estará a funcionar a delegação da Guarda?

R – A delegação da MYOS na Guarda foi constituída no passado 28 de Abril, ainda é muito recente. Trata-se de uma associação não médica e sem fins lucrativos, sendo apenas constituída por oito voluntários. A partir de agora, vamos trabalhar para organizar algumas iniciativas e tentar fazer pelo menos dois ou três eventos até ao final de 2007, nomeadamente seminários e formações para técnicos de saúde. O objectivo é sensibilizar a sociedade em geral, familiares e mesmo técnicos de saúde para esta doença. E se houver possibilidade e apoios, quem sabe realizar umas jornadas.

P – Porque é que vai abranger o distrito de Viseu?

R – A delegação regional vai abranger os distritos da Guarda e de Viseu. Contudo, isso não quer dizer que não possa haver um pequeno núcleo em Viseu se se justificar, embora depois continue sob a orientação da delegação da Guarda.

P – O que vai a associação poder fazer pelos doentes e que tipo de ajuda prestará?

R – Para além da formação e desenvolvimento nesta área, gostaríamos também de prestar apoio psicológico, para o qual está previsto que tenhamos uma colaboradora especializada. Por outro lado, tencionamos promover “wokshops” para que os doentes possam aprender a realizar exercícios adequados à sua doença.

P – Quantos doentes é que a associação vai conseguir ajudar?

R – Não há ainda números concretos, porque só agora começámos a recolher os dados dos doentes para poder contactar com eles, mas posso assegurar que já são algumas dezenas. No entanto, para pertencer à associação, o doente, ou qualquer pessoa que se queira juntar a nós, tem que se tornar sócio, pagando uma quota simbólica de 2,5 euros.

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