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A festa do pião na Praça Velha

O lançamento do pião juntou mais de 800 crianças das escolas do primeiro ciclo e jardins-de-infância da Guarda na passada sexta-feira para assinalar o fim das aulas.

«Começo com a mão para a frente, depois puxo-a para trás e novamente para a frente e puxo a baraça para trás para lançar o pião». Dito assim parece fácil e mais ainda quando o João, um dos 800 alunos do primeiro ciclo que participou na festa de final do ano letivo do Agrupamento de Escolas da Afonso de Albuquerque, na Praça Velha, passa à prática. «Mas é preciso concentração e treinar muito», acrescenta o jovem, que se revelou um exímio lançador.

Na passada sexta-feira, meninos e meninas conseguiram fazer girar o pião, outros nem por isso, mas o importante foi participar nesta inédita festa de fim das aulas e brincar a um jogo tradicional que tem andado arredado dos recreios das escolas. O desafio juntou o Agrupamento e a Associação de Jogos Tradicionais da Guarda (AJTG) que, desde novembro, reintroduziram o pião como atividade lúdica e pedagógica, tendo sido explorado nas aulas em disciplinas como o Português, a Matemática e na área das expressões. O resultado culminou com a atividade “A dançar com o meu pião, com o meu pião a dançar” na Praça Velha, onde se andou perto dos recordes do lançamento deste pequeno brinquedo de madeira – a marca mundial é de 3.600 pessoas. Ainda não foi desta, mas o presidente da AJTG acredita que será possível alcançar esse objetivo daqui por uns tempos. «A iniciativa é para repetir e estamos a envidar esforços para que seja maior, tão grande que já não caberá aqui e teremos que a deslocalizar para outro local», afirmou Norberto Gonçalves.

O responsável confessou «alguma vaidade» em ter tanta gente a jogar o pião naquela que é considerada a sala de visitas da cidade «quando é cada vez mais difícil tirar os miúdos de casa». Outro objetivo foi por «pais, muitos e tios a dar um pouco do seu tempo para ensinar os mais novos a jogar» o pião, que também foi assunto para as aulas de Português, através de canções, poemas e pesquisas sobre autores que tenham escrito sobre o jogo. Já na Matemática e na estatística, que não faz parte do primeiro ciclo, os alunos tiveram que fazer o seu mapa de sucesso nos lançamentos. Para o presidente da AJTG, a atividade é para repetir, mas com mais apoio: «Não é mais possível ao movimento associativo estar sempre a puxar o carro, é indispensável que a Câmara, a APGUR ou a Associação Comercial se associem a este tipo de evento, pois há muito tempo que não via tanta gente na Praça Velha e sobretudo mais novos», afirmou Norberto Gonçalves.

Igualmente satisfeito com o sucesso do evento, o diretor da Escola EB 2,3 de Santa Clara, que liderava o extinto Agrupamento de Escolas da Área Urbana da Guarda, revelou que foi necessário comprar piões e mobilizar recursos humanos para concretizar a festa. «Felizmente, tivemos verbas suficientes para a realizar e relançar este jogo tradicional. No entanto, o mais importante foi incluir outras áreas do saber, como a matemática, através da elaboração de gráficos estatísticos tendo por base o jogo de pontuações criado para o efeito, do Português e do Estudo do Meio», declarou Adalberto Carvalho, sublinhando que desta vez foi «a escola que veio para um espaço público e convidou todos a participar nesta atividade, a que se juntaram, por exemplo, os jardins-de-infância do privado». Nesta manhã diferente, houve jogos, brincadeiras e uma largada de balões para fechar a festa.

Luis Martins Alguns conseguiram fazer girar o pião, outros nem por isso, mas o importante foi participar na festa

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