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A exoneração de Ana Manso

Editorial

1. Mais uma vez a demissão de Ana Manso voltou a merecer as parangonas da imprensa nacional. E mais uma vez sem confirmação oficial ou desmentido da notícia. Mas desta vez parece que é definitiva – à hora em que fechamos a edição haverá ainda algumas pressões politicas e partidárias para inverter alguma das decisões já tomadas, mas dificilmente a administradora hospitalar continuará a presidir à Unidade Local de Saúde da Guarda.

Tudo se precipitou nos últimos dias, em especial entre quinta-feira e sábado, mas na verdade sabia-se há semanas que o presidente da ARS do Centro, António Tereso, estava a fazer contactos para substituir o Conselho de Administração da ULS.

O caminho para a demissão de Ana Manso ficou traçado há meses, quando após ter nomeado o marido para auditor foi chamada pelo ministro da Saúde para o destituir; depois, e sem conhecimento da tutela, voltou a nomear o marido para a comissão de acompanhamento das obras do Hospital da Guarda. Houve a retificação das decisões, mas o assunto não foi esquecido em Lisboa. Entretanto, muitos episódios e notícias contribuíram para ensombrar a gestão de Ana Manso, de que os relatórios da IGS foram dando conta: excessiva concentração de competências «geradora de instabilidade gestionária e de entropia no processo de decisão», «ilegalidade e irregularidade» nomeadamente na continuidade ao serviço de uma administradora hospitalar e de uma enfermeira, mesmo após o fim dos contratos de trabalho, ausência de regulamento, de plano estratégico, de código de conduta, de manuais de procedimentos, de formas de inventariação e registo e, até, de uma página na Internet onde documentação pública obrigatória (como relatórios de contas) seja posta à disposição da comunidade (e que confirma a ausência de disponibilização de informação, recusando-se nomeadamente a esclarecer a imprensa). Ou seja, a demissão de Ana Manso vai muito para além da nomeação e demissão do marido como auditor. E é ainda superlativada pelo ambiente «altamente conflituoso» asseverado por dezenas de processos de inquérito, segundo o relatório que Paulo Macedo aguardava para tomar uma decisão.

Ana Manso é hoje exonerada depois de semanas de comentários sobre a sua demissão. Podia ter evitado o sacrilégio do momento tendo posto o lugar à disposição da tutela. Mas, convicta da sua influência política, segurou os demais administradores com o argumento que seria apenas mais uma trovoada e, perante o precipício, foi dando passos em frente.

Sai pela porta pequena, mas continuará a guerrear por aí…

O senhor que se segue deverá vir da Covilhã e vai encontrar um clima de desconfiança embaraçoso (por bairrismos atávicos e provincianos). Perante todas as diferenças de interesses entre o Hospital Sousa Martins e o Centro Hospitalar da Cova da Beira adivinham-se muitas razões para o adensar de atritos. O Hospital vai continuar a ser um foco de problemas.

2. Joaquim Valente confirmou que não está disponível para ser candidato pelo PS nas próximas autárquicas. O autarca pôs fim ao tabu confirmando a notícia de O INTERIOR de setembro, que assegurava que Valente iria informar o PS da sua decisão de não se recandidatar – obviamente que perante a nossa manchete a declaração foi adiada, mas a decisão agora anunciada confirma a veracidade da notícia deste jornal. Joaquim Valente, que se tem mostrado cansado e até agastado nos afazeres de autarca e na defesa dos interesses do concelho, estará agora disponível e interessado noutras funções, e em concreto terá já apresentado a sua disponibilidade para encabeçar a lista do Partido Socialista à Assembleia da República em próximas legislativas, que os socialistas acreditam poder ser já em 2013.

Luis Baptista-Martins

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