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«A escultura é a minha vida»

Cara a Cara – Entrevista

Perfil:

Pedro Figueiredo

Naturalidade: Guarda

Idade: 28 anos

Profissão: Professor e escultor

Hobbies: Desporto, natação.

P – Disse que o prémio «chegou na melhora altura», o que queria dizer com isso? Estava a pensar dar outro rumo à carreira ou até mesmo desistir da escultura?

R – Não, nada disso, muito pelo contrário. Eu nunca desisto de nada à partida e a escultura é a minha vida. O que eu queria dizer é que com a minha idade precisava de um prémio, de um incentivo como este. Só que não estava à espera de ganhar um prémio com tanta importância e prestígio. Ganhar com 28 anos um prémio numa Bienal Internacional como a de Vila Nova de Cerveira é um grande incentivo para mim. Agora desistir da minha carreira de escultor nunca. Essa é uma palavra de que nem sei o significado.

P – O que vai mudar a partir de agora na sua carreira?

R – Na sua essência não vai mudar nada. Vou continuar a trabalhar cada vez mais. Não me posso dedicar a 100 por cento à escultura porque dou aulas. Mas tenho a facilidade de trabalhar num atelier que fica na escola onde dou aulas, num horário pós-laboral, onde posso fazer o meu trabalho e continuar a fazer as minhas esculturas.

P – Tem mais alguma exposição agendada?

R – Tenho uma exposição colectiva agendada para breve com os alguns dos meus antigos professores da ARCA e alguns colegas. Vou fazer uma exposição individual, talvez em Março de 2004, na Casa da Cultura em Coimbra.

P – Este prémio já lhe proporcionou o convite para expor em alguma galeria de arte?

R – Por enquanto não, pois isto foi tudo muito rápido. Recebi o prémio no passado dia 16 de Agosto e estive a executar um trabalho em resina para expor no museu da Bienal de Cerveira. Foi tudo muito rápido, mas convites desse género ainda não surgiu nenhum. Mas também ainda está tudo muito recente.

P – Projectos para o futuro?

R – Na escultura não se pode ter projectos a longo prazo. O que me acontece a mim é que procuro fazer lentamente, e de uma forma eficaz, escultura. No fundo, eu faço aquilo que gosto e aquilo que me apetece. Começo um trabalho, executo e, na altura em que o acabo, tem um fim e começo a pensar noutro. Quando uma escultura acaba para mim, começa para as outras pessoas. É a partir dali que as outras pessoas vão começar a ver e eu vou começar a “esquecer”. A arte tem um emissor e um receptor e esse receptor é quem vê e aprecia o trabalho. Não há lógica nenhuma em fazer escultura para esconder, mas sim para mostrar. Os trabalhos não são para se guardarem numa garagem. Os projectos para o futuro são, para já, a tal exposição colectiva e a minha exposição individual para o ano que vem. A escultura é um trabalho complicado, com muitos degraus a subir, e essa subida tem que ser feita lentamente e com os pés bem assentes. O mundo da arte é um mundo perigoso, porque não dependemos de nós próprios, mas do que está à nossa volta. Ainda sou muito novo nisto, mas já me apercebi que é complicado viver no mundo da arte e da escultura.

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