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A escola dos Maristas em Dakar

Saliências

Esqueçam tudo o que a musa antiga canta porque outro valor se levanta. Em Dakar vi o meu afilhado Afonso numa escola onde há tudo. A escola é exemplar no mundo inteiro e é exactamente o que não são as escolas de Coimbra. Em Dakar, infelizmente um pardieiro do mundo, há recreio, há campos de desporto, há gente empenhada na edificação da educação como fruto do futuro. Em Dakar sobressai o Sr. Cabrita um director há trinta anos de uma escola imensa com centenas largas de alunos de vários escalões etários, subsidiada sobretudo por franceses. Entra-se e há um painel aos pensadores do Mundo. Uma instalação de nomes como Sócrates, Marx, Popper, Berlim, Locke e dezenas de outros atravessando os tempos. Aqui, nenhum português. Cada sala de aula é nomeada por um escritor ou uma grande figura universal. Aí existe Camões, uma sala que a embaixada portuguesa quer apoiar dentro da escola. Esta mentalidade de excelência está lá no meio de um país carregando dificuldades. Entrado o muro da escola estamos num lugar exemplar. As mentalidades de pardieiro estão antes cá. Devem ser aquelas que aqui, em Coimbra, construíram escolas com recreios de areia cortante, salas sem espaços de lazer entre elas, ausência de conforto, ausência de manutenção, sem lugar para os pais estacionarem os carros, sem vigilância real e sobretudo sem balizas de comportamento. O Senhor Cabrita de Dakar, doutores há muitos e Senhores há cada vez menos e são tão mais importantes, é um exemplo do que podemos ser além fronteiras. Fiquei basbaque. Vi uma obra irrepreensível e corei de ciúme. Não temos nada assim porque vivemos entre políticos labregos e sem ideias claras sobre educação. Vi por lá os professores de educação física que a nossa primária não tem. Vi os cuidados com o extracurricular que nós não temos e ainda levo o ciúme na garganta.

Por: Diogo Cabrita

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