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A equipa perfeita

Iniciados do NDS somam 18 vitórias em 18 jogos e contam 130 golos marcados e apenas dois sofridos no Distrital do escalão

Costuma dizer-se que não há equipas invencíveis, mas a formação “A” de iniciados do NDS (Núcleo Desportivo e Social), que compete no campeonato distrital do escalão, arrisca-se a entrar para a história com esse estatuto. É que nos 18 jogos já disputados, entre 16 da primeira fase e dois da segunda, os pupilos de David Rodrigues somam 18 vitórias, além de terem 130 golos marcados contra apenas dois sofridos.

Aos 29 anos, o jovem técnico reparte os méritos desta campanha notável com os atletas a quem reconhece «bastante qualidade». O segredo para estes números obtidos até ao momento passa pelo «trabalho, empenho e dedicação», sendo que, «quando se junta qualidade com trabalho, é provável que os resultados surjam como estão a surgir». De início, o objectivo passava por serem “apenas” campeões e garantirem a subida ao Nacional, mas «quando começámos a ver que poderíamos atingir algo inigualável, começámos a ter outro objectivo» e agora todos trabalham para manter um registo que se faça «notar além-fronteiras». Relembra que «faltam quatro jogos e ainda há muita tinta para correr» e embora frise que «estamos muito perto de alcançar algo que nunca foi conseguido no distrito, o nosso objectivo principal é sermos campeões».

Curiosamente, apesar de ter apenas dois golos sofridos em 18 partidas, o treinador entende que esses tentos foram «mais consentidos» pela equipa do que por mérito do adversário, os Pinhelenses, que terminaram a primeira fase na antepenúltima posição. Convidado a caracterizar o plantel que orienta, o David Rodrigues considera que dispõe de uma «equipa bastante equilibrada, que sofre poucos golos e marca muitos», além dos atletas formarem um grupo «forte e coeso», havendo «vários» jovens com capacidade para alcançarem «“outros voos”».

Melhor marcador já leva 45 golos apontados

Apesar dos excelentes resultados até ao momento, nem tudo são facilidades para o técnico. Para começar, o plantel conta apenas com 17 jogadores e raramente tem todos disponíveis nos três treinos semanais, até porque «há miúdos que, às vezes, procuram um pequeno pretexto para faltarem». Mais complicado se torna ainda quando o único guarda-redes não pode treinar, como sucedeu na última segunda-feira, dia em que O INTERIOR esteve no Campo do Carapito, um pelado com «condições terríveis», mas quando tal sucede há que «improvisar». «Sem dificuldades também não dava tanto gozo», ironiza o responsável, que, por opção própria, compra as bolas que entende que lhe dão mais garantias para os seus atletas treinarem.

O capitão desta “super-equipa” é Pedro Costa, que revela sentir «muita responsabilidade e um orgulho enorme» por envergar a braçadeira, garantindo que faz parte de «um grupo muito trabalhador e muito concentrado nos objectivos» e que «ninguém nos vai parar». Uma das referências da equipa é Tiago Barra, convocado recentemente para um estágio de preparação da selecção nacional de Sub-15. Filho e irmão de futebolistas, o defesa central acalenta o sonho de vir a «jogar num clube grande» e confessa alguma «pena» por poder vir a alinhar no distrital de juvenis na próxima época, apesar da conquista do título distrital no escalão etário anterior. Já Bruno Macedo, “rei” dos goleadores, até se mostra um pouco confuso quando questionado sobre o número de golos que já marcou nesta época de estreia no NDS. Ao todo, já “facturou” por 45 vezes e garante dever «muitos à equipa», que o «ajuda muito». Com este desempenho, até acredita que poderá despertar o interesse de clubes com outras aspirações.

Treinador quer «chegar o mais alto possível»

A concluir a licenciatura em Ciências do Desporto no Instituto Politécnico de Guarda e a efectuar estágio no Salamanca, David Rodrigues acalenta esperanças de poder vir a fazer carreira no futebol. «O meu objectivo enquanto treinador é tentar chegar o mais alto possível», sublinha, explicando que tem o curso de segundo nível e que já se inscreveu para frequentar o de terceiro. Começou a treinar aos 22 anos e até agora apenas teve uma curta experiência «de 15 dias» nos seniores do clube da sua terra, o Vilar Formoso. De resto, «se for no distrito, com objectivos bem definidos, prefiro treinar jovens do que seniores. Claro que o objectivo é chegar aos seniores, mas com as condições que o distrito oferece não é fácil», assume. Já sobre a próxima temporada e a probabilidade de colocar esta equipa do NDS no Nacional, o treinador salienta que, «a priori, torna-se mais apelativo disputar esse campeonato, mas também se tornava aliciante fazer subir os juvenis para o Nacional», até porque a maior parte dos atletas que orienta esta temporada vai subir de escalão na próxima.

Clube continua com «dificuldades financeiras»

O NDS tem actualmente cerca de 300 jovens repartidos pelos seus vários escalões de formação e há vários anos que se queixa no atraso dos pagamentos dos subsídios pela Câmara da Guarda. Perante a eventualidade do clube se sagrar campeão distrital e subir ao Nacional, o seu presidente salienta que «até agora temos conseguido participar em todos os campeonatos que ganhámos». No entanto, ressalva que «independentemente de ganharmos ou não, recebemos o mesmo», frisa Luís Aragão, que divulga que a dívida do município neste momento é de 104 mil euros e que este ano a colectividade só recebeu 10 mil. Assim, assegura que «passamos dificuldades financeiras porque a Câmara, para além de não cumprir os prazos, fecha a torneira totalmente». «Estamos a trabalhar com dinheiro que não temos e não posso planear com dinheiro que depois não vejo», sublinha. Em contraponto, lamenta que a autarquia, logo no dia a seguir à utilização dos autocarros pelo clube, envie a nota de pagamento. «Embora haja encontro de verbas, eles pagam a três anos e querem que nós paguemos logo no dia a seguir. Tem que haver aqui uma equidade», reclama.

Ricardo Cordeiro Clube da Guarda-Gare arrisca-se a entrar para a história do futebol distrital

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