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«A equipa feminina de futsal do Estrela do Zêzere já habituou as pessoas a grandes feitos»

Cara a Cara – Entrevista

P – O Estrela do Zêzere teve 124,48 por cento de lucros em 2005 no âmbito social. Como conseguiram alcançar este valor?

R – Tudo se deve à capacidade de organização e dinamismo da direcção para procurar receitas. Além do diploma de utilidade pública que conseguimos no ano passado – e que nos trouxe mais-valias –, estamos também a trabalhar na Lei do Mecenato. Os dois protocolos já assinados com a Câmara da Covilhã também foram vantajosos para a colectividade e para a freguesia, pois estamos a fornecer as refeições às crianças dos jardins-de-infância e do primeiro ciclo do ensino básico. Ao todo, são cerca de 140 crianças que almoçam todos os dias nas nossas instalações. A Boidobra carece actualmente deste tipo de infraestruturas e, em colaboração com a autarquia, estamos a responder a essa lacuna. Para além disso, criámos uma biblioteca e temos realizado várias actividades culturais e sociais, como feiras, exposições e espectáculos populares de música e baile.

P – É esse dinamismo que traz prestígio ao Estrela do Zêzere?

R – O prestígio alcança-se com actividades e dinamismo e temos feito por isso. Esta é uma associação que movimenta mais de cinco mil euros por mês. Durante o ano passado, movimentámos 64 mil euros. Não é qualquer colectividade que trabalha este dinheiro, ainda para mais sem profissionais e apenas com a realização de actividades, apresentação de projectos e realização de obra.

P – E têm tido apoios para isso ou sente algumas carências?

R – As carências aparecem sempre. Podíamos estar melhores, mas conseguimos passar de 2005 para este ano com um saldo positivo de 7,7 mil euros, apesar de todas as actividades que realizámos, principalmente no âmbito do futsal feminino. Transportar cerca de 40 atletas dos escalões sénior e júnior e das escolas de formação para uma freguesia a cerca de 10 quilómetros não é fácil e claro que tem os seus custos, mas temos tido o apoio de algumas instituições do concelho, dos sócios e dos amigos.

P – O certo é que o reconhecimento desta colectividade se deve em muito à equipa feminina de futsal?

R – Sim. É uma equipa que conquistou sete títulos distritais consecutivamente e foi vice-campeã nacional da modalidade também por duas vezes consecutivas. Ao longo destes últimos anos temos defrontado equipas nacionais e internacionais e a Boidobra já é reconhecida como sendo difícil de defrontar. Muitas pessoas questionam-se como é possível uma equipa do interior ser tão competitiva, organizada e a praticar futsal de alta qualidade. É tudo fruto do trabalho, mas também graças aos técnicos que temos tido e à formação que temos dado.

P – Acredita que a equipa pode ser campeã nacional?

R – A fasquia está muito elevada. A equipa já habituou as pessoas a grandes feitos. Já chegaram duas vezes à final e é claro que as pessoas começam a acreditar nessa possibilidade. Agora, há um longo caminho a percorrer, pois estamos numa zona onde o campeonato é constituído por quatro equipas e não é muito competitivo. Além disso, convém realçar que as nossas atletas jogam apenas por “amor à camisola”. Estamos a fazer alguns jogos de preparação com equipas dos distritos mais competitivos, como Porto, Lisboa e Leiria, e também com equipas de Espanha. Vamos ver, mas estamos esperançados em ultrapassar os obstáculos e chegar o mais longe possível. Temos grandes atletas, mas sabemos que não é fácil.

P – Como está a construção do pavilhão gimnodesportivo?

R – Vamos ter uma reunião esta semana com o presidente da Câmara para debater esse assunto e ver qual a perspectiva da autarquia para a sua construção na freguesia. Sabemos que os recursos financeiros escasseiam, mas temos esperança que venha a ser uma realidade. Trata-se de uma infraestrutura necessária para manter a actividade, pois está a ser muito complicado levar as atletas a treinarem todos os dias no Dominguiso. É um desgaste de recursos humanos, físicos e financeiros.

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