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A dura realidade merece mudança

Crónica Política

Num momento em que o espaço de comentário político é devorado pelas diversas matizes do pensamento único, pensava que se circunscrevia à matriz capitalista dos detentores dos grandes meios de comunicação nacionais, mas pelos vistos já encontra eco nalguns espaços da nossa terra, onde a prodigalidade com um toque singular de entendimento de que o exercício do contraditório se reproduz apenas fora da matriz partidária. Basta dos barões do costume, onde o espaço de dar voz se circunscreve aos ditos “habitués” do PS/PSD, julgava que seria particularmente relevante ouvir a voz da defesa de outros interesses que não os instalados debaixo do sistema do alterne governativo nacional e local. Mas não, o espaço que resta é para aqueles que despiram rapidamente a roupagem partidária e se arvoram no alvitre da independência, mas a origem bebe na “troika” nacional.

Felizmente que as tecnologias permitem a pesquisa e também guardar as opiniões, posições e decisões políticas, e também dissecarmos as reprovações das posições políticas contrárias aos que ao longo destes 30 e tal anos têm desgovernado o nosso país e concelho.

No quadro atual importa desmontar, sem tibiezas ou concessões, todos os lugares comuns da ideologia dominante, desde a necessidade da brutal austeridade até à demagogia de que a baixa de salários diminuiria o desemprego, passando pela velha frase, repetida até à exaustão de que não há alternativa. Há alternativa em todo o lado, os partidos não são todos iguais. O grave são os salta-pocinhas e os pseudo-independentes que aparecem a desresponsabilizar-se das decisões que tomaram ou a congregar as vontades ocultas dos interesses das populações.

Da minha parte não tenho uma capacidade de síntese, no entanto perfilho uma matriz de discussão coletiva onde o abraçar de um projeto, este cimentado na genuína coerência de auscultação das populações, onde há espaço de participação não só dos militantes mas também amigos, democratas ou outros que entendam que o seu contributo individual é valorativo pela construção. Há que ter a noção clara que um projeto de desenvolvimento sustentado e que não perfilhe outros interesses alheios, particularmente os imobiliários, possa evidenciar uma verdadeira alternativa para a nossa cidade, concelho.

Um projeto construído sobre ideias firmes e suportado em dados concretos, que não deixa grande espaço para as ardilosas instigações assentes numa conversa demasiado elaborada em busca da procura da simpatia, sem expor as reais intenções de quem se propõe ser sufragado pelo Povo. A verdade é a matriz dos princípios pelos quais acredito, melhor acreditamos, pelo que não escondemos as nossas intenções de transformação, na base política e ideológica, no quadro autárquico nutrido pelo princípio base da democracia participativa nas decisões.

Além deste espaço de opinião política considero importante um desafio que os meios de comunicação social deveriam ter no fortalecimento da democracia, esta participativa por parte dos leitores. O enfoque da discussão e análise das linhas estratégicas de intervenção autárquica com referência ao passado dos diferentes representantes na gestão dos diferentes concelhos do nosso distrito.

É fundamental revisitar os investimentos colocados ao serviços das populações, muitos deles assentes na falta de uma estratégia, repercutindo-se na subutilização, subaproveitamento ou mesmo reproduzindo outras consequências que importa revisitar por todos os que no dia-a-dia são confrontado pelas consequências dessa política autárquica.

Há retrocesso nas condições de vida de quem trabalha, na mobilidade das populações, não só com das portagens, mas sobretudo com o desaparecimento ou redução do transporte público, de ligação inter-concelhio e entre as aldeias e a sede do concelho. Não se compreende que haja munícipes, no particular alunos que frequentam o ensino secundário e se deslocam para as aldeias, que permaneçam mais de três horas na cidade quando deveria haver mais ligações em transportes públicos. É um exemplo de como tudo isto anda interligado e resulta do desinvestimento do poder central, com a assimilação de responsabilidades municipais. Importa focar os pilares onde assenta a estratégia da autonomia do poder local sem a desresponsabilização do poder central.

Por: Honorato Robalo

* Dirigente da Direção da Organização Regional da Guarda do PCP

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