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“A Distracção”

Tudo acontece ao maioritário executivo municipal. Agora, até a oposição – apenas 2 vereadores em 7 – é culpada pelo nada que vai acontecendo. O Senhor Presidente não perde uma oportunidade para insuflar auto estima a todos os guardenses. E não é que quando apanhou apenas um dos vereadores da oposição na reunião quinzenal se entreteve – curioso saber a reacção, a postura, o torcer dos seus colegas de partido presentes na mesma reunião – verdadeiramente a enxovalhar a única vereadora presente na reunião com impropérios políticos, entenda-se.

Compreendo bem o alcance desta atitude do Senhor Presidente. Pretende fazer recuar o tempo político no governo municipal e distrair os guardenses das verdadeiras responsabilidades políticas do Partido Socialista no estado de coisas do nosso Concelho… Entendamo-nos: a maioria do voto popular deu uma clara maioria ao PS e ao actual Presidente do Município que, prontamente, respondeu logo ser este o último quadriénio enquanto Presidente da Câmara. Após um ano de mandato desanca na oposição, no caso, apenas numa vereadora dos dois eleitos!

Não contra-argumenta as propostas da vereadora como é o normal. Não comenta as sugestões, os contributos, antes, opta pelo ataque pessoal e, de forma vil, pressente na presença da vereadora, independente, eleita na lista do PSD, a oportunidade política de brilhar, de dar um murro na mesa de mostrar que, apesar de estar de saída, não facilitará ou deixará os créditos de um suposto verdadeiro líder alheios à sua pessoa.

Pelo que li nos jornais da Guarda o Senhor Presidente ainda teve tempo no quadro da reunião para “filosofar” sobre a organização e funcionamento autárquico, afirmando-se partidário dos executivos maioritários e do reforço dos poderes das Assembleias Municipais. Não duvido da bondade desta proposta nem tão pouco do empenho socialista em ditar e fixar a melhor fórmula de vida democrática para Portugal…

Acompanho, pela leitura das actas e pelo que afirmam os jornais, a actividade autárquica do município guardense e, tal como os vereadores que anteriormente representaram o PSD, também os actuais têm apresentado contributos, fazem reparos à gestão quotidiana do município e procuram, por exemplo, que os compromissos financeiros com as freguesias sejam assumidos em pleno e não se deixe, como infelizmente acontece, uma gestão calculista e eleitoral da dívida como bem foi notado o ano transacto. A única palavra aos vereadores da oposição é que não se deixem condicionar nem intimidar e que consigam, apesar de todas as contrariedades, fazerem-se ouvir, escutar e ler no Concelho da Guarda.

É quase altura de realizar um balanço das sugestões e contributos apresentados nas reuniões do executivo.

Uma das razões que alavancou a investida presidencial foi o dossier “Hotel de Turismo”. E sobre este dossier algo está por explicar, algo tem de ser respondido aos guardenses.

Não é perceptível, à luz da opinião pública, a razão pela qual é o município obrigado a colocar no desemprego todos os funcionários do hotel.

Afinal o negócio é, ou vai ser realizado entre duas entidades afins. Será que todos os funcionários pretendem aposentar-se? Será que todos eles pretendem ficar numa situação de desemprego e receberem o que têm direito?

Não competiria ao município e ao governo preservar o emprego ao invés de promover mais desemprego? Sempre foi escutado e, mesmo na última Assembleia Municipal garantido, que a situação dos funcionários do Hotel de Turismo seria acautelada. O que vai acontecer é precisamente o contrário; uns ver-se-ão obrigados a uma situação de pré-reforma, outros a receber o subsídio de desemprego e com as dificuldades de inserção no mercado de trabalho preparam-se para a formação profissional, para os contratos de inserção de emprego sem a certeza de nos próximos anos conseguirem nesta localidade, uma melhor ou idêntica situação profissional.

Pode o negócio ser positivo para a cidade, para o município – se for concretizado – mas construído na base da menor consideração por quem ali trabalha e sob a responsabilidade do governo nacional e local é tamanha crueldade e clara mensagem de desprotecção social.

Por: João Prata *

*Deputado à Assembleia da República eleito pelo PSD

Comentários dos nossos leitores
anonimus ludovico@terra.es
Comentário:
Depois de se pôr de côcoras para os seus amigos do PSD de Lisboa na questão do pagamento das Scuts, mesmo sabendo que nos penalizava a todos…tem muita moral para falar no que quer que seja….tenha vergonha…
 

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