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«A culpa da crise é dos “boys” e dos “tachos”»

Na fronteira, STAL sensibilizou emigrantes para as dificuldades dos funcionários do Estado e das autarquias

A direcção regional da Guarda do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) distribuiu no sábado, na fronteira de Vilar Formoso, 2.000 folhetos em que apresenta a sua versão sobre a «realidade» dos funcionários das autarquias portuguesas. Em português, francês e inglês), a brochura assegura aos emigrantes e turistas que Portugal «está a mudar… para pior».

Referindo o fecho das maternidades, o «desmantelamento» de organismos do Estado ou a privatização de alguns serviços públicos, como a água e saneamento, o STAL diz estar em curso o despedimento de «milhares de trabalhadores» do Estado e das autarquias. Disso não duvida José Catalino, coordenador regional do sindicato, que acusa o Governo de «tender a denegrir a imagem dos funcionários públicos para as pessoas pensarem que são responsáveis pela crise, pelo que deve ser reduzida». Mas não é bem assim, na sua opinião. «A culpa é dos “boys” que entram para os ministérios a ganhar milhares de euros, dos “tachos” ou do descalabro das empresas municipais», devolve, lembrando que este ano há 10 mil novos funcionários públicos. «Um número que não abona muito a favor das políticas do actual Governo para este sector», considera.

O sindicalista também não esquece a lei da mobilidade, que diz ser «uma forma encapotada de despedimento», pois a «real pretensão» do Governo é «entregar tudo ao capital privado». Uma acusação de que não se livram as autarquias, cujos responsáveis «teimam em denegrir os seus próprios funcionários para concessionar serviços, como a água, recolha de lixo ou o saneamento, aos privados». Por outro lado, recorda que os trabalhadores da administração pública têm os salários mais baixos da União Europeia: «Mas os nossos gestores públicos são dos mais bem pagos no grupo dos 15», denuncia José Catalino. Esta é uma acção que o STAL tem repetido nos últimos anos na principal fronteira terrestre do país, pela qual passaram milhares de emigrantes no último fim-de-semana. De acordo com dados da Brigada de Trânsito da Guarda entraram por Vilar Formoso uma média de mil veículos por hora no sábado e no domingo.

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