Portugal está preso desde há vários meses à telenovela criada em torno das eleições autárquicas, com vinte dinossauros da política, sem terem onde cair vivos, a insistirem em candidaturas que infringem claramente a lei sobre a limitação dos mandatos. Entretenimento neste período de defeso, há tribunais que aprovam e outros que chumbam, numa lotaria que depende da cor de quem decide. Para desempatar o imbróglio criado, vão ser chamados sete dos 13 patriotas do Tribunal Constitucional, que assim interrompem as suas merecidas férias judiciais: aposto numa vitória à tangente da ignomínia, por 4 a 3, derrota tangencial que nos deixará a todos descansados.
(…) O cidadão comum sabe que se consultar dez hospitais para resolver um qualquer problema de saúde obterá certamente o mesmo diagnóstico e a mesma estratégia terapêutica. Se a Justiça é uma “ciência” tão exata como a Saúde, e 97 por cento dos juízes obtêm excelentes classificações, como é possível que os tribunais não acertem uma na cura dos males da sociedade, e se tenham transformado no paraíso dos prevaricadores e dos corruptos e num inferno para as vítimas e para os contribuintes? (…)
Todos sabemos que a recente lei que a Assembleia da República aprovou, e que se destinaria a combater a corrupção, é um autêntico “Manual dos Direitos, Liberdades e Garantias dos Corruptos”, um fato por medida que se destina a agasalhar quem legislou ou quem aplica a lei. (…) Prioridade das prioridades, a Justiça, a par do défice, é hoje o principal motivo de preocupação dos portugueses, pondo em causa a própria democracia. E o problema é que essa gentinha, ao contrário de nós, que apenas ladramos, morde mesmo.
Cândido Ferreira, via Facebook
