P- A Mutualista Covilhanense comemorou recentemente o 88º aniversário da sua fundação e o 123º aniversário do início da sua história associativa, qual seria a melhor prenda que poderiam receber?
R- Tendo em conta os vários desafios e projetos sobre os quais a direção a que presido está focada, poderíamos apontar várias “prendas”. Gostaríamos, ainda este ano, de arrancar com duas grandes obras para as quais estamos a tratar de encontrar financiamento, nomeadamente através de candidaturas a fundos comunitários. Uma delas é a remodelação e adaptação do edifício-sede da associação, na Rua Capitão João de Almeida, recém-candidatada ao Programa Operacional Regional do Centro, e que prevê melhorias ao nível das condições de habitualidade, segurança e da eficiência energética, num investimento total de 800 mil euros. A outra é a requalificação de um edifício que a associação possui na Avenida de Santarém, na zona antiga da Covilhã, para criação de um Hostel Social, um dos grandes projetos deste mandato e preponderante para a continuidade de crescimento da Mutualista Covilhanense.
P- Como está atualmente esse projeto do Hostel Social? No que consiste exatamente?
R- Trata-se de um empreendimento na área do turismo social, diferenciador e com visão de futuro, sustentado e sustentável, que assenta na criação de um hotel direcionado para as famílias, crianças, jovens e seniores, mas também para todo um público ligado às associações da União das Mutualidades Portuguesas (UMP). A UMP congrega 70 mutualidades nacionais, que têm um total de 700 mil associadas e representam cerca de 2,5 milhões de beneficiários. O projeto do hostel visa a requalificação de um edifício atualmente devoluto, construído em 1939, e que terá uma capacidade de 38 camas. O edifício está inserido num terreno com perto de 3.500 metros quadrados que poderá vir a ser complementado com uma piscina, um jardim sensorial, hortas educativas, hortas geriátricas, entre outros equipamentos. Neste momento estamos à procura das fontes de financiamento para executar o projeto, orçado em cerca de meio milhão de euros.
P- A Mutualista Covilhanense é uma das entidades da Economia Social, o que falta ainda fazer nesta área na região?
R- As entidades da Economia Social desempenham na região, tal como um pouco por todo o país, um papel importantíssimo, chegando onde o Estado não consegue chegar e respondendo às necessidades não satisfeitas pelos mecanismos do mercado. Sem elas, o Estado não conseguiria cumprir com as suas obrigações. Juntas disponibilizam respostas no campo social, no apoio à Terceira Idade, na Educação, na Saúde, entre outros, contribuindo para o desenvolvimento e para a sustentabilidade. A par de um aprofundamento das parcerias público-sociais, é também fundamental que estas entidades continuem a apostar na introdução de mecanismos e medidas que lhes permitam chegar a mais pessoas e serem ainda mais eficientes e eficazes na sua atuação. Defendo a cooperação entre as entidades da Economia Social, através de projetos comuns, de um trabalho em rede e de medidas que permitam ganhar escala com impacto na redução de custos e otimização de meios. É isso que temos feito com o serviço da Unidade Móvel de Saúde e de Apoio Psicológico e Social, por exemplo. Um projeto que junta 25 parceiros, entre os quais o município da Covilhã, diversas Juntas de Freguesia e instituições sociais e a UBI, entre outros. No passado dia 7, nas comemorações do aniversário, celebrámos mais cinco protocolos de cooperação na área social e da saúde com a Associação de Diabéticos da Serra da Estrela, o Grupo Humanitário de Dadores de Sangue da Covilhã, a Casa do Menino Jesus, a Casa do Pessoal da UBI e o DespUBI – Núcleo de Estudantes de Ciências de Desporto da UBI.
P- Quais os programas sociais que têm atualmente a decorrer?
R- Temos vários. Um deles é a Unidade Móvel de Saúde e de Apoio Psicológico e Social, que está a atuar sobretudo nas freguesias rurais do concelho da Covilhã, onde os serviços públicos de saúde são escassos ou inexistentes e que agora até já leva médico às aldeias. Dispomos ainda do projeto “Hortas Sociais”, num terreno que cedemos a famílias carenciadas para cultivo de hortaliças e frescos; do “Teleassistência ao Domicílio”, para combater o isolamento dos idosos, em parceria com os bombeiros da Covilhã no que toca à gestão de situações de emergência; e integramos o Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (POAPMC) para os concelhos da Covilhã e Belmonte – que veio substituir as Cantinas Sociais. Desde 2014 que executamos, em parceria com o município da Covilhã, o Programa de Emergência Social, combatendo a fome, a exclusão social e o isolamento dos seniores. Em 2018 decidimos rever este programa, em sintonia com a autarquia, adaptando-o à conjuntura económica e social atual com novas linhas de atuação. Remetemos uma proposta nesse sentido à Câmara e aguardamos resposta. É, portanto, um programa que está parado, ou melhor, que estamos a executar mas com limitações, de acordo com as nossas possibilidades.
P- Quais são as principais carências da Mutualista?
R- Atualmente, uma das maiores carências é exatamente o facto de estarmos limitados na resposta às necessidades das pessoas e famílias que nos procuram e que temos vindo a auxiliar, visto o Programa Emergência Social 2018 não estar no terreno na sua plenitude. Mas estamos convictos que esta é uma questão que estará em breve ultrapassada.
P – Qual a situação financeira da Mutualista Covilhanense?
R- A Mutualista Covilhanense fechou o ano de 2017 com um resultado líquido positivo de mais de seis mil euros e está a fazer o seu percurso rumo ao equilíbrio económico-financeiro. Esse resultado reflete uma inversão do ciclo, sustentado numa uma gestão rigorosa, empenhada e cuidada. Implementámos importantes medidas de contenção financeira ao nível da gestão corrente e, por outro lado, houve uma aposta na procura de mais fontes de rendimento. Pela primeira vez, a associação conseguiu gerar em 2017 proveitos num montante superior a 1,5 milhões de euros. Todos os nossos serviços cresceram, das valências de apoio à Terceira Idade ao Centro Clínico, passando pela Farmácia. Continuaremos a trabalhar na senda do crescimento, o que nos deixa confiantes em relação ao futuro e aos projetos e desafios que estamos a abraçar.
Perfil:
Presidente da Direção da Mutualista Covilhanense
Idade: 45 anos
Naturalidade: Covilhã
Profissão: Bancário
Currículo: Licenciado em Economia pela Universidade da Beira Interior (1998) e com Pós-Graduação em Ciências Económicas (2003). Tem trabalhado sempre na banca e é atualmente diretor do Centro de Empresas da Beira Interior do BPI. Foi vice-presidente da União das Mutualidades Portuguesas (UMP) entre 2014 e 2016. É presidente da direção da Mutualista Covilhanense desde 2014. Entre 2013 e 2016 foi vereador na Câmara da Covilhã e foi também membro da Assembleia Municipal da Covilhã nos mandatos de 2001- 2003 e 2009-2011. Integrou a direção da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (1996-1997) e presidiu ao seu Conselho Fiscal (1997-1998). Foi ainda vice-presidente da Assembleia Geral do Sporting da Covilhã (2004). Entre 1888 e 1998 fez rádio na Rádio Clube da Covilhã. Foi atleta federado de andebol de 1987 a 1995.
Livro preferido: “O Idiota”, de Fiódor Dostoiéwski
Filme preferido: “Lawrence of Arabia” (David Lean)
Hobbies: BTT