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«A Covilhã é o centro geográfico da região e a maternidade tem condições»

Cara a Cara

P – Que balanço faz dos cinco anos da Unidade de Neonatologia do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB)?

R – É extraordinariamente positivo. Não é ainda uma unidade de ponta, pois, tal como o recém-nascido, ainda está a crescer. Está a fazer os seus passos consoante os recursos disponíveis, mas têm sido muito seguros e positivos, e nos quais continuamos a investir.

P – A unidade permitiu uma melhor prestação à grávida e ao recém-nascido?

R – Sem dúvida. Um nascimento não é só um parto, mas a conjugação entre várias valências. Este hospital ainda é novo, mas tem vindo a crescer em termos assistenciais, recursos e qualidade do serviço prestado. E isso também graças à Faculdade de Ciências da Saúde, que é uma mais-valia para o hospital. O CHCB não é o hospital universitário da Beira Interior, mas sim os três hospitais da região. E aqui convém chamar a atenção para a responsabilidade social que os hospitais devem ter. É que se não houver uma estruturação global conjugada e organizada entre todos, corremos o risco dos futuros médicos, que se vão formar para o ano e que já aqui criaram raízes, irem para outras cidades tirarem as especialidades e não voltarem. Há uma responsabilidade social muito grande e os hospitais devem organizar-se no sentido de criar condições para uma melhor assistência e formação dos alunos e dos internos. E isso requer trabalho.

P – Essa conjugação é possível?

R – Continuo a acreditar que sim, mas, infelizmente, este relatório das maternidades não tem sido muito favorável. Há um ano e meio que estamos a tentar que os outros hospitais colaborem na discussão e nunca conseguimos que o fizessem. Somos três unidades pequenas. Se nos juntarmos podemos ser uma grande unidade. Mas para isso, é necessário haver alguma articulação e temos, sobretudo, que dialogar. Nunca entendi muito bem estas guerras, até porque há muitas pessoas da região que vão realizar os partos a Coimbra ou Lisboa. E ninguém está preocupado com essas deslocações. Espero que a nova estrutura venha dar mais satisfação aos seus profissionais. Há uma série de adaptações que vamos ter que fazer, mas creio que seria um óptimo exemplo de maturidade profissional se as pessoas dialogassem, não só para debater a sala de partos, mas também a concentração de meios. Se alguns se tornarem hospitais de agudos, é natural que outros sejam de referência nalgumas áreas. Mas não acho que isso seja diminuir os hospitais.

P – Aceitaria então de bom grado que o Hospital Pêro da Covilhã ficasse sem a sala de partos?

R – Não aceito de bom grado, porque este é o centro geográfico da região. Agora, se me disserem que passam a existir duas maternidades na região, então aí faria sentido apagar a que está no meio. Mas neste caso é preciso ter em conta que o número de partos está a descer nos três hospitais. Criar duas maternidades seria por isso uma medida a curto prazo, pois daqui a uns anos estaríamos a debater qual dessas duas maternidades iria fechar ou a analisar a abertura de uma maternidade no centro. Há disponibilidade da nossa parte para conversarmos. Tenho defendido isso desde o início, pois gostaria que nos sentássemos tranquilamente e fizéssemos uma análise da situação. O que tem que ser programado é uma estrutura da Beira Interior que responda às necessidades da região, que diminua o recurso aos hospitais dos grandes centros e que garanta às pessoas aquilo que procuram com qualidade.

P – O Hospital da Covilhã é, portanto, o que tem a maternidade mais preparada e melhor equipada?

R – Não posso dizer isso, porque seria incorrecto. Não conheço as maternidades de Castelo Branco nem da Guarda. O que sei é que a nossa tem condições para ser uma maternidade. É uma unidade com alguma dimensão e tem bastantes condições. E se caírem aqui todos os partos, há possibilidades de desenvolvimento. Dos outros não faço comentários, pois não conheço os serviços. Gostaria de conhecer, mas até agora ninguém me apresentou as instalações.

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