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«A construção no seu todo está quase parada comparando com décadas anteriores»

Entrevista a João Abel Ramos de Deus, empresário de Vila Franca das Naves e proprietário dos “Alumínios Ramos”

P – Quais foram as motivações que o levaram a iniciar o seu negócio?

R – Quando o iniciei, tinha já experiência em trabalhar o ferro, produto utilizado para a construção de portas e janelas. Desde sempre, a construção e os materiais utilizados estiveram em contínua evolução e as exigências dos consumidores foram aumentando cada vez mais. Por isso, decidi apostar e dedicar-me à produção de materiais em alumínio, visto ser um produto com potencial para ser preferido pelos clientes.

A construção no nosso país era na altura muito forte, devido às moradias construídas por grande parte dos nossos emigrantes, foi mesmo a altura dourada da nossa construção, tendo sido, por isso, uma oportunidade para iniciar uma atividade que se relacionava diretamente com a construção.

Foi em 1981 que resolvi iniciar a minha atividade e dedicar-me em exclusivo ao alumínio visto ser, na altura, a solução mais avançada e sem qualquer tipo de concorrência aqui em Vila Franca das Naves, sendo a primeira serralharia de alumínios a ser criada nesta localidade.

P – Durante estes trinta anos muita coisa mudou tendo sido este produto alvo de grandes evoluções, como tem sido trabalhar neste contexto?

R – É certo que durante todo este tempo, este produto evoluiu mesmo muito, desde os cortes térmicos de vários segmentos até às series 75. Foram evoluções constantes que nos têm vindo sempre a surpreender.

O número de clientes durante estes trinta anos foi aumentando, assim como as suas exigências, a Alumínios Ramos, tal como é conhecida, foi também evoluindo e crescendo de forma a puder dar resposta a todas estas necessidades que foram aparecendo, tendo como consequência, o aumento do numero de funcionários e a aquisição de equipamentos cada vez mais sofisticados.

Atualmente os nossos clientes são na sua grande maioria particulares. Em termos percentuais, 40% dos nossos clientes, são emigrantes e, os restantes 60%, são nacionais. Estes são particularmente mais exigentes e solicitam-nos os produtos de maior qualidade, ou seja, de alta gama.

Também fornecemos empreiteiros que perfazem 40% da totalidade da nossa produção.

Hoje dispomos de uma vasta gama de produtos disponíveis no mercado com qualidade certificada, utilizamos series de alumínio de batente de 65 e 75, que são as preferidas pelos clientes mais exigentes e também as mais dispendiosas, utilizamos também os vidros duplos térmicos e, estes sim, fazem com que o resultado final consiga um coeficiente térmico muito satisfatório cuja consequência é um maior conforto nas casas dos nossos clientes.

A Alumínios Ramos, disponibiliza também outro tipo de produtos tais como:

Estores, Automatismos, PVC e Inox.

P – Atualmente a nossa economia atravessa uma fase menos boa, quais são as expectativas para a V/ empresa?

R – A construção no seu todo está quase parada comparando com as décadas de que falámos em questões anteriores e que se referiam às primeiras décadas de laboração da nossa empresa, mas, ainda vai havendo alguma construção e, em maior quantidade a reconstrução, que nos permite continuar com os cinco postos de trabalho que conseguimos com algum esforço ainda manter.

Temos ainda a salientar a importância que os mercados externos têm neste momento de maior dificuldade, e que agora nos têm valido para colmatar a paragem na construção nacional.

Estamos agora neste momento a aumentar as exportações para mercados como a França e a Suíça, que já consomem 40% da nossa produção e isto acontece graças a contactos conseguidos através dos nossos emigrantes, que nos ajudaram com as suas construções aqui em Portugal e agora nos continuam a ajudar, aplicando os nossos produtos nos países que os acolheram.

P – Relativamente às participações na Feira de São Bartolomeu, qual o V/ Feedback ?

R – Temos feito algumas exposições na Feira de São Bartolomeu, que nos tem permitido alargar o nosso leque de clientes, e atingir outros mercados.

É certo que a participação neste evento traz-nos alguns problemas, visto o mês de Agosto ser o período do ano com maior carga de trabalho, e, ausentarmo-nos das nossas instalações, é por si só, muito difícil de gerir.

P – A Alumínios Ramos participou no programa de formação ação “QIPME” promovido pela AENEBEIRA, qual o balanço que faz dessa participação?

Este programa em 1º lugar conseguiu-nos satisfazer as necessidades de formação a que o código de trabalho nos obriga, e para além da formação, foi-nos também útil, na organização da empresa, no que diz respeito ao controlo de gastos que efetuávamos.

O contacto e convívio com todos os outros empresários foi também um ponto positivo que devemos salientar.

P – Quais as V/ expetativas para o futuro?

R – Não nos vamos deixar intimidar e influenciar pela crise e, existem já, planos para o futuro, e até projetos ambiciosos, que passam também pela conquista de novos mercados.

Aguardamos o futuro com muita expetativa.

«A construção no seu todo está quase parada
        comparando com décadas anteriores»

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