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A cidade do faz de conta

Fiquei muito indignado com o que Maria Massena nos relata no seu artigo publicado no passado dia 25 de Setembro neste jornal, intitulado “O Treino” e que trata a problemática da “não-reciclagem” do material que tão religiosamente separamos em casa e colocamos nos ecopontos na esperança de terem um fim mais nobre que o do aterro. Pelos vistos, quando confrontados com o facto de tudo (lixo e material reciclável) ir parar ao mesmo monte, os responsáveis da Câmara da Guarda terão dito que “Não é teatro, são treinos, o objectivo é habituar os munícipes a engrenarem nos procedimentos”. Pelos vistos os ecopontos existem APENAS para que os guardenses se habituem a separar o lixo, deixando subentendido que, entretanto, TUDO VAI PARA O MESMO BURACO – O ATERRO da Cova da Beira!!

Será que esses responsáveis acharão que os guardenses são menos expeditos que aquele macaco do anúncio que demorou 45 minutos a aprender a separar o lixo? Há quantos meses andamos nós a aprender? Acho que nos habituámos rápido demais para as sensibilidades vigentes nos nossos eleitos e/ou empresas encarregues da recolha (a avaliar pelos ecopontos constantemente atulhados e não esvaziados).

Andam a brincar com coisas sérias. (…) Não bastava sermos a cidade do “faz-de-conta-que-temos” uma boa governação, uma oposição credível, uma Plataforma Logística, suficientes instalações desportivas e uma VICEG completa (entre muitas e muitas outras), pelos vistos somos também uma cidade que faz-de-conta que é ecológica e como tal dá um destino aos seus resíduos consentâneo com a respectiva tipologia. Exigimos que, de uma vez por todas, alguém venha desfazer este equívoco publicamente, que nos digam se “sim ou sopas” andamos a separar para o “boneco”; se sim ou não os ecopontos foram mais uma manobra para umas empresas ganharem uns milhares; se sim ou não a empresa encarregue da recolha está a cumprir o contratado, se sim ou não “someone is not giving a shit to that question”!!

É que se andam a fazer de nós “macacos aprendizes”, exorto desde já todos os que, como eu, têm o cuidado de fazer a separação dos resíduos domésticos a não se darem a esse trabalho. Vamos deixar os ecopontos vazios!! Para já, ficamos a aguardar uma explicação pública por parte dos responsáveis, mas cuidado, não nos vendam “gato por lebre”, digam-nos a verdade porque somos bem capazes de seguir o trajecto dos resíduos do ecoponto ao destino, documentar essa viagem fotograficamente e depois desmascarar publicamente os mentirosos, a havê-los…! Para terminar, uma breve nota para o excelente artigo de Jorge Bacelar de 9 de Outubro, que bate forte e feio nesses que, a pretexto de um pseudo-desporto, se transformam numa cambada de ignóbeis sanguinários quando têm uma caçadeira na mão.

José Carlos Lopes, Guarda

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