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A centralidade selfie

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Estamos a converter a célula na centralidade do tecido, o que converte o caos na organização da vida, pois se cada unidade é centro em si mesma, o conjunto de milhares de indivíduos é centrado em milhares de unidades e os tecidos que os conjugam ficam apenas dois: a lei como imposição dos limites e o dinheiro como valorização das qualidades e diferenciação das competências. A “selfie” é a exibição da centralidade do eu. Já não há Paris sem mim no centro. Já não há Monalisa sem a cara do fotógrafo. Estes vaidosos eus que se preocupam com o corpo, obcecados com a figura mais do que o conteúdo, despidos da importância do saber livresco, preocupados demais em adiar a procriação e o compromisso, rebeldes das alianças e das partilhas criam novos desafios de modo transversal à sociedade. Podem estar a resolver o excesso demográfico porque seu egoísmo impede-os de educar e temem desfigurar-se. Condicionam novos desafios médicos na busca de uma eterna juventude, de uma força da permanência na adultez jovem. Estes problemas são deveras importantes de perceber porque eles não vão recuar por força da presença da realidade virtual na realidade do tempo e do espaço normais. Os programas de computador evoluem para mais eus destacados do tecido, para mais negócio que se gera da imagem sem substância. Mais beleza e mais preocupação em alindar. Por força de criarmos um padrão de belo podemos incorrer no desejo da máxima perfeição e da completa igualdade. Bonecos padronizados, semelhantes que se auto promovem. A completa semelhança tem como fim o retrocesso desta evolução, claro está!

Por: Diogo Cabrita

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