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«A Carta dos Azeites será testada no Algarve por ser a região com maior potencial turístico»

Cara a Cara – Entrevista

P – Em que consiste a Carta dos Azeites da Beira Interior?

R – É um projecto conjunto da Confraria do Azeite da Cova da Beira e da APABI – Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior, que pensaram criar uma carta de excelência, dando visibilidade às marcas e aos azeites da região. Foram escolhidos aqueles que se considera terem melhor qualidade e que sejam mais representativos de cada lagar e produtor. Adoptámos o conceito do “exportar cá dentro”, uma vez que os azeites da Beira Interior já são muito conhecidos na nossa região, daí haver a necessidade de os promover fora desta área. Começámos por estabelecer alguns contactos e parcerias com outras confrarias e, neste caso, vamos contar com a colaboração da Confraria dos Gastrónomos do Algarve. Pretendemos divulgar e testar a Carta no Algarve porque tem um maior potencial turístico. Tal como a os vinhos nos restaurantes, a Carta dos Azeites será útil para dar a conhecer diferentes tipos de azeite e fazer com que os clientes tenham a oportunidade de experimentar vários azeites e diferentes sabores.

P – Que tipo de informação vai disponibilizar?

R – A carta definitiva ainda não está concluída, mas vai ter um mapa com os lagares e as marcas incluídas. De seguida, cada marca ou produtor tem uma página onde são disponibilizados várias informações sobre o tipo de azeite, o local de produção, se é certificado ou não, a variedade predominante, as características e sugestões de tempero. Temos três azeites com certificação de Denominação de Origem Protegida e outros obtidos em modo de produção biológica que merecem destaque. Na parte final de cada página surge um pequeno texto em três línguas (português, espanhol e inglês), em que se resume o modo como o azeite é elaborado. Para enriquecer ainda mais a Carta dos Azeites, contámos também com pontos de interesse turístico ligados à fileira do azeite, como o Lagar-Museu de Belmonte, que já respondeu positivamente à ideia. Solicitámos também a colaboração da Câmara de Penamacor, uma vez que possui um Lagar-Museu na freguesia de Meimoa.

P – Como surgiu a ideia de criar esta Carta?

R – Surgiu no seio da Confraria, tendo a percepção de que havia esta lacuna na restauração e a obrigatoriedade destes estabelecimentos terem azeite engarrafado com cápsulas invioláveis. É neste tipo de pormenores que a Carta poderá dar uma grande ajuda, porque permite às pessoas conhecerem os diferentes tipos de azeite que poderão consumir no restaurante. Claro que isto também depende da dinâmica de cada um em apresentar a Carta dos Azeites.

P – Quando será conhecida a versão definitiva?

R – No início do Verão ou, se for possível, ainda antes, para termos tempo de as enviar para o Algarve e testarmos o seu funcionamento. Estamos a pensar fazer 1.500 exemplares.

P – Quantos produtores da região estão representados?

R – Neste momento estão representadas oito marcas de azeite e pensamos atingir o máximo de 12. Ainda estamos à espera das respostas de alguns produtores.

P – Será divulgada por restaurantes de todo o país?

R – Nesta primeira fase será apenas no Algarve e, caso corra bem, podemos partir para outras regiões. Alargar a todo o país é difícil dizer, mas era um bom indicador se tal acontecesse, até porque seria uma maneira de promover os nossos azeites de um modo mais abrangente.

P – É então um instrumento importante para promover o azeite da Beira Interior?

R – Penso que sim. É um dos instrumentos que a Confraria para divulgar os azeites desta região.

P – Quem vai suportar a elaboração desta Carta?

R – Como a Confraria e a APABI não têm meios suficientes para financiar a sua elaboração, a Carta terá que ser suportada pelos aderentes, pelas marcas participantes, também pelos municípios que tenham interesse em divulgar os seus museus e, eventualmente, outro tipo de patrocínios.

P – De onde são os produtores incluídos na Carta?

R – De acordo com uma listagem fornecida pela APABI de produtores com potencial para serem incluídos na Carta dos Azeites, foram seleccionados aqueles que estão a engarrafar o seu azeite e, a partir daí, feitos os contactos. A maioria aceitou de imediato. Há quatro que ainda estão a pensar, mas penso que irão abraçar o projecto. Temos produtores de Malpica do Tejo, Penamacor, Fundão, Alcaria, Monforte da Beira, Vila Velha de Ródão e Envendos. No distrito da Guarda contactámos um produtor de Figueira de Castelo Rodrigo, que não se mostrou disponível para colaborar neste momento, isto porque este projecto surgiu num ano difícil para a olivicultura. Foi um ano mau por causa de uma doença que afectou os olivais e provocou o decréscimo de qualidade nalguns azeites.

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