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A austeridade(zinha)

O Governo anunciou esta semana que irão deixar de funcionar, no horário noturno, um total de 13 ambulâncias a nível nacional, afetando os municípios de Amadora, Anadia, Aveiro, Chaves, Covilhã, Espinho, Guimarães, Maia e Ovar.

O grupo parlamentar do PSD repudiou já esta intenção do Governo, opondo-se-lhe frontal e totalmente, e entregou um requerimento para que o ministro da Saúde dê explicações sobre o assunto em sede de comissão parlamentar.

Em causa está não só o fecho do horário noturno das ambulâncias, como serão reduzidos, ou alterados os horários de funcionamento desses meios de emergência noutros municípios como Lisboa, Porto, Sacavém, Seixal e Almada.

Este fecho de meios de emergência do INEM compromete o socorro às populações, põe em causa o cumprimento da missão do INEM e constitui um claro exemplo do “desmantelamento” do Serviço Nacional de Saúde por parte deste Governo e da maioria que o suporta.

Depois das cativações e cortes brutais a que temos vindo a assistir na Saúde, onde o Governo reduziu o investimento em mais de 34%; depois das greves de médicos e enfermeiros insatisfeitos com a forma como o ministério implementou o horário de 35 horas, que não está claramente a responder às falhas de recursos humanos; depois de sabermos que a dívida a fornecedores aumenta um milhão e meio a cada dia, vemos uma vez mais, que vale tudo para este Governo alcançar o pleno “enlace” com os seus parceiros e para “cumprir as suas metas”. Sejam lá elas quais forem e fique lá o país como ficar!

Reformas

Chama-se Plano Nacional de Reformas, mas não contém uma única mudança estrutural. O atual Governo limita-se a viver à custa do que foi alcançado pelo anterior. E para colher benefícios eleitorais concentra-se apenas no curto prazo e na obtenção de resultados rápidos, dirigidos aos “negócios” com funcionários e sindicatos para o alcance de melhores remunerações.

E enquanto o Governo tece loas à coesão territorial e anuncia pomposos Programas de combate ao despovoamento do interior, ao mesmo tempo, escolhe, vergonhosamente, vilas do nosso interior, como a de Almeida, para aí sim fazer as grandes “reformas”, encerrando tudo aquilo que é público e ainda tem vida, economia e permanece aberto.

Como confere a recente e infeliz notícia do encerramento no período noturno do Centro de Cooperação Policial e Transfronteiriço de Vilar Formoso, que consubstancia mais uma funesta novidade para um concelho que nas semanas anteriores foi confrontado com o encerramento de outro serviço, a agência da Caixa Geral de Depósitos de Almeida, constituindo um grave desvio dos deveres de prestação de serviço público às populações e empresas afastadas das grandes metrópoles urbanas. É mesmo ultrajante!

Venezuela

A Venezuela é um país que acolhe mais de um milhão de portugueses e luso-descendentes, há 20 anos uma classe média e próspera, hoje praticamente na miséria. Ali falta tudo. Alimentos, água, luz, medicamentos. Na Venezuela morre-se de fome e de doenças, que em quase parte alguma são mortais. Não há segurança, nem liberdade de expressão. O delito de opinião é punido com prisão e espancamento. As manifestações acabam com mortos e feridos. A violação grosseira dos direitos humanos é o pão nosso de cada dia. E em Portugal encontramos nalguns partidos as vozes da vergonha quando toca à defesa dos mais elementares direitos deste povo!

Abril e os direitos

Uns dias após as comemorações de Abril e no exato em que se celebra o Dia do Trabalhador, verificamos ainda, infelizmente, todos os dias, que as diferenças salariais persistem, mas também que no despedimento e quando, em primeiro lugar há que escolher, invariavelmente, se escolhe no feminino, ou ainda que a ancoragem do sistema da família em desemprego, continua a ser feita nelas.

A trajetória da luta das mulheres sempre colocou em relevo o muito das necessidades de um país e da abordagem dos valores que atende às pessoas em concreto, em cada um dos seus reais contextos. Em Portugal regista-se, ainda hoje, uma diferença salarial entre homens e mulheres que fazem trabalho igual de 17,8%. As mulheres portuguesas trabalham em média mais 90 minutos por dia, do que os homens, ou seja, as mulheres portuguesas trabalham mais 22,5 dias por ano do que os homens.

A este ritmo e de acordo com os relatórios internacionais mais recentes, a igualdade de género nos salários e oportunidades de emprego só será atingida daqui a 170 anos. Nas mulheres, meninas e crianças e na sua condição sempre se evidenciaram os males de toda a história, sempre foram a “ponta do icebergue”, como na crise que hoje devasta a Europa e que se espalha pelo mundo. Há mesmo muito caminho ainda a percorrer para também nestas matérias se cumprir Abril.

Por: Ângela Guerra

* Deputada do PSD na Assembleia da República, eleita pelo círculo da Guarda, e presidente da Assembleia Municipal de Pinhel

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