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A Astronomia como ciência – I

mitocôndrias e quasares

No ano em que a Astronomia está no centro das comemorações científicas a nível mundial este espaço também vai dar-lhe um especial destaque. Ao longo do ano irão ser abordados diversos temas, polémicas e limites da Astronomia. Neste primeiro texto vamos olhar para o início da astronomia, para a forma como as primeiras civilizações olhavam o céu.

Contemporâneas das culturas megalíticas da Europa, mas muito mais avançadas a todos os níveis, as civilizações do Egipto, Babilónia, Índia e China possuíam, cada uma, calendário astronómico, fortemente ligado à astrologia, mitologia e religião. A astronomia em cada uma das civilizações recorria ao apoio dos deuses, reis, sábios e heróis para apresentar ao povo as suas aspirações políticas, religiosas e sociais.

Muitas das observações realizadas pelos astrónomos eram de vital importância para o dia-a-dia das populações porque, muitas vezes, marcavam a data de início das plantações. No Egipto, os astrónomos faziam cuidadosas observações das estrelas, em especial as ocasiões em que algumas estrelas apareciam e desapareciam. De especial importância era o nascimento helíaco do Verão da brilhante Sírio, porque esse acontecimento prognosticava a inundação anual do rio Nilo, de vital importância para a economia de toda aquela região.

Noutra região do globo, os rios Tigre, Eufrates e Indo constituíram também locais de florescentes civilizações durante dois mil anos antes do nascimento de Cristo. As crenças religiosas e culturais destes povos faziam parte dos seus tipos de astrologia e das suas formas especiais de mitologia e folclore relacionados com as estrelas. As observações iniciais que eram impulsionadas por eventos espirituais ou religiosos foram tornando-se gradualmente mais científicas, encorajando assim o desenvolvimento da astronomia.

A propensão destas civilizações para o desenvolvimento de uma astronomia mais sofisticada assentava em quatro factores principais: habitavam uma região onde o céu apresentava condições perfeitas para a observação; possuíam uma elite ociosa com tempo livre para estudar o céu; tinham linguagem escrita fundamental para poderem registar as observações e tinham conhecimentos matemáticos, o que permitia fazer uso prático das suas descobertas astronómicas. Estas condições eram comuns às civilizações da Babilónia, da Assíria, dos Sumérios da Mesopotâmia, dos Egípcios da época das pirâmides, dos Gregos e mais tarde dos Fenícios e dos Árabes.

Além de utilizarem o seu conhecimento do céu para elaborarem calendários e predizerem diversos acontecimentos regulares, estas civilizações antigas também desenvolveram uma considerável capacidade de utilização das estrelas para determinar as direcções e, consequentemente, para a navegação através de mares e navegações ao longo do deserto desprovidos de referências.

Na Mesopotâmia, contudo, cerca do século VI a.C. a astronomia – e particularmente o aspecto da cosmologia que se relaciona com o Universo no seu conjunto – ligou-se estreitamente à religião de Zoroastro, que também dedicou considerável atenção à astrologia, de tal modo que o estudo de ambas se interligou. Posteriormente, os sacerdotes babilónicos voltaram a colocar a astronomia numa base científica e a matemática, mas, mais para oriente, a astrologia permaneceu interligada com a astronomia, incorporando-se totalmente nela por vezes.

Por: António Costa

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