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A arte de uma grande pintora na Guarda

Exposição de gravuras de Vieira da Silva está patente na galeria de arte do TMG até 14 de julho

«Chegámos ao dia em que Vieira da Silva tem uma exposição na Guarda», foi assim que o diretor do TMG abriu a mostra de gravuras daquela que é considerada uma das maiores pintoras portuguesas do século XX. Até 14 de julho, mais de trinta obras podem ser apreciadas na galeria de arte do Teatro Municipal.

Américo Rodrigues não escondeu a importância do momento, dizendo que esta oportunidade só é possível com o TMG. «Há oito anos que temos recuperado o tempo perdido e por aqui já passaram os grandes mestres portugueses, como Júlio Pomar, Júlio Resende, Manuel Cargaleiro», afirmou. No caso de Vieira da Silva (1908-1992), a exposição é comissariada pela Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, que possui uma coleção de 286 gravuras da pintora. Para a exposição na Guarda foram selecionadas 33, que são representativas da evolução do seu trabalho e serão das mais importantes na área da gravura, uma arte que apreciava e valorizava. A escolha obedeceu a critérios de representatividade técnica (do buril à águatinta, serigrafia e litografia), data de produção (entre 1960 e 1991, ou seja, todo o período de maturidade da artista) e diversidade temática e plástica, de representações mais abstratas a representações figurativas, todas elas resultantes de um similar percurso da artista na pintura.

Américo Rodrigues admitiu que gostaria de trazer à cidade uma mostra de pintura de Vieira da Silva e do seu marido Arpad Szenes, mas que tal não é possível por causa dos custos que a sua organização implica. Nesta inauguração, o diretor do TMG voltou a sugerir que poderia haver um teatro nacional fora de Lisboa e do Porto: «Por que não lutar por isso e para que seja na Guarda, pois o TMG tem provas dadas. Mas isso são opções de caráter político», declarou. Quem ouviu o repto foi José Igreja. O candidato do PS à Câmara da Guarda classificou «a ideia do TNG belíssima» e considerou que «é através da utopia que se conquistam grandes desafios». Na sua opinião, «o Estado tem condições para distribuir um pouco do que gasta na cultura no Porto e Lisboa e seria interessante lançar esse desafio, tendo em conta que o TMG tem tido uma importância muito grande no dinamismo cultural da cidade e da região».

Reconhecido apreciador e colecionador de pintura, José Igreja possui mais de 200 quadros. «Já não tenho paredes para os colocar», disse, admitindo que juntar uma gravura de Vieira da Silva a esse espólio é quase impossível. «São muito caras, as serigrafias já são mais acessíveis», declarou a O INTERIOR. Visivelmente deslumbrado com as obras da pintura, o advogado acrescentou que aprecia mais a pintura abstrata contemporânea e que também é «uma espécie de mecenas», pois tem quadros de «todos os pintores da Guarda».

Foram selecionadas 33 gravuras representativas da evolução da técnica da pintora

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