Olhando para a maneira como pedimos, devemos pensar. Hoje, e mais do que nunca, temos necessidade de fazer diariamente um pedido, seja ele o mais modesto, como a compra de um jornal, pedir uma bica, uma informação, ou o mais complicado, caso de uma operação bancária (que não a OPA, o que é fácil) ou cirúrgica.
Pondo de lado a “Net” e os “tele”, podemos dizer que se encontram cara-a-cara duas pessoas, o atendedor e o mal ou bem atendido. Isto quer dizer que nem todos sabem, ou nasceram, para estar atrás de um balcão ou noutro ponto de atendimento, incluído o responsável ou a entidade patronal.
Não são necessários salamaleques ou vénias orientais, basta apenas um sorriso nos lábios projectado pelo olho de quem está a vender um produto. Mas é triste ver, e sentir na pele, aqueles atendedores de repartições públicas que sabem que somos obrigados a ir lá e que nem uns simples bons dias sabem dar. Desconhecendo que tudo isto faz parte da educação de um povo, que nem precisa de computador para o dizer. Nota-se já, com agrado, um sorriso das empregadas nalgumas caixas de supermercados da cidade, que ainda dão uma ajuda na abertura dos sacos de plástico. (…) É preciso uma boa preparação psicológica e estofo para aguentar muito “sapo” dito pelo cliente.
Mas não se pode esquecer que também há a arte de saber pedir e muita gente está longe de o saber fazer na mais elementar prestação de serviço. Nalguns cafés vêem-se jovens a servir às mesas sem que os clientes tenham a educação de reconhecer que eles estão ali a trabalhar para estudar à noite e terem um futuro melhor. Fala-se em cafés, mas poderiam ser outros estabelecimentos.
António do Nascimento, Guarda