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«A arbitragem é a única coisa boa e correcta que existe no futebol»

Cara a Cara – Entrevista

P – Afirmou que, no ano passado, a arbitragem foi uma vergonha. Quer exemplificar?

R – Sim, disse que a arbitragem estava bastante mal e a prova está nas fichas de cadastro dos árbitros. Se não fossem as nomeações eu não sabia de nada. Quando saí da Associação deixei cá tudo, era só continuar. Há muitos exemplos de arbitragem que devem ser dados para tentarmos que o futebol seja credível. Apesar de termos árbitros com bastante personalidade, muitas vezes são pressionados e, por isso, não são só eles os culpados. Nunca usei a palavra vergonha, porque é bastante dura, mas se tivermos que a aplicar é a realidade. Exigimos que os árbitros sejam respeitados e exigimos que respeitem o futebol.

P – De quem é a culpa da má imagem dos árbitros do distrito?

R – Pedia encarecidamente aos dirigentes que deixassem de usar os árbitros, porque a partir daí muitas coisas vão ser resolvidas. Deixem-nos trabalhar à vontade e deixem de os convidar para lanches e jantaradas, festas e romarias. Toda a gente sabe que os nossos árbitros são apontados com certas situações que acabam por nos deixar aflitos, mas espero que isto acabe e que comece uma nova era na arbitragem.

P – Acha que a arbitragem distrital é credível?

R – Penso que a arbitragem é a única coisa boa e correcta que existe no futebol. Muitas vezes os árbitros são pressionados e toda a gente o sabe menos o Conselho de Arbitragem. Mas vamos tentar acabar com essas situações, ser inflexíveis na lealdade que deve existir no desporto e tentar impor o respeito que o futebol distrital merece.

P – Foi dito que a partir de agora os árbitros vão deixar de ser escolhidos em almoços. Como é que vai funcionar a escolha?

R – Quem disse isso que seja responsável pelo que disse, pois ninguém me ouviu uma palavra e quem o disse é dirigente de uma associação. Vamos acreditar que isso vai acabar e estou plenamente convencido de que não vai haver problemas com a arbitragem. O que está a ser praticado é o que vai continuar a ser, ou seja, escolhendo os melhores árbitros para as melhores equipas e dar a possibilidade aos novos árbitros de iniciarem a sua carreira.

P – Com quantos árbitros conta o Conselho de Arbitragem?

R – Ainda estou a procurar saber quem está em exercício de funções, mas certamente serão cerca de 50 árbitros, apesar de termos inscritos mais de 200. A fiscalidade melhorou bastante a arbitragem, mas não se concebe que os árbitros distritais sejam punidos com coimas quando o dinheiro que ganham não lhes chega para os equipamentos.

P – Como vai funcionar a classificação dos árbitros, quem vai atribuir os pontos e com que objectivo?

R – Essa é uma das chamadas vergonhas, porque ainda não sei como é que as classificações dos árbitros foram feitas na época transacta e na anterior. Não se pode classificar os árbitros se não há um quadro de observadores técnicos capazes para tal. Há obrigação de o ter e é o primeiro curso que tenho idealizado. O que é verdade é que não vi nenhuma classificação de árbitros, nem acções de formação, porque não existe nada no arquivo, e isto não é credível para um Conselho de Arbitragem.

P – Espera levar o mandato até ao fim?

R – Quando me meto em qualquer coisa atiro-me de cabeça e é um desafio que vou levar até ao fim.

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