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A alta competição

Saliências

Mas alguém está seguro de que a alta competição dá saúde? Competir é muito bom e transporta o desejo de sucesso, mas por certo que leva junto a inveja, a frustração e outros sabores negativos da derrota. A alta competição faz-se pelas razões últimas da fama, da vaidade, do dinheiro, ou até do estatuto e suas benesses. Há também quem a pratique sem outros objectivos, mas pelos menos as benesses subvertem as regras do jogo. Em países mais empenhados no desporto, as regalias dos atletas são muito maiores que em Portugal e portanto essa é uma razão de termos poucas medalhas e poucos títulos. A alta competição é como a investigação, só pode ser praticada por quem gosta, quem tem talento e transporta riscos pela fronteira do limite. Mais rápido, mais alto, mais forte, mais ágil, mais certeiro, pode tocar a linha do fim. A morte está logo à porta da saída do limite. A morte está mesmo na fronteira da reserva do corpo humano. Muitos investigadores vivem com estirpes mortais, com radiações perigosas, com reacções limite. Nesta fronteira uma exposição excessiva, um descuido, um frasco no chão podem acarretar o fim. Temos o dever de minorar o risco, mas podemos exclui-lo? Então estamos longe do limite e esse é o fascínio da alta competição e da investigação.

Por: Diogo Cabrita

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