Uma equipa de arqueólogos encontrou em Vale do Mouro, perto da Coriscada, vestígios de uma aldeia romana. As escavações decorreram durante o último Verão e o seu responsável, o arqueólogo Sá Coixão, acredita que a aldeia terá sido «provavelmente incendiada» e datará da segunda metade do século III.
Os resultados das escavações efectuadas pelo Centro Sócio Cultural da Coriscada (CSCC), em conjunto com aquele arqueólogo, começaram em 2000 motivaram novas prospecções em 2003. Nesse mesmo ano a equipa descobriu um balneário, pelo que ganhou importância a necessidade de mais investigações, tendo sido ratificada num protocolo, celebrado, em Junho de 2005, por Sá Coixão, a Câmara da Mêda, o Centro e a Junta da Coriscada com o intuito de dar continuidade ao projecto. Quatro meses depois foi a vez do Instituto Português de Arqueologia (IPA) reconhecer o potencial da freguesia e do município ao aprovar apoios para o estudo dos sítios de Vale do Mouro, Castro de S. Jorge (Ranhados) e na área da Devesa (Marialva) durante um período de quatro anos. Durante as últimas semanas a Coriscada acolheu uma equipa de 20 arqueólogos, composta na sua maioria por membros do Departamento de Arqueologia de Lyon, cujo trabalho deu frutos. As descobertas mais recentes aconteceram num terreno de três hectares, disponibilizado pela família Menezes.
Este trabalho de campo tem por objectivo «pôr a descoberto todo o património arqueológico existente no local e assegurar a sua preservação», refere António Moreira, presidente do CSCC. As peças encontradas há dois anos, também na Coriscada, já estão catalogadas e guardadas, podendo ser apreciadas em Freixo de Numão, sob a responsabilidade de Sá Coixão. Mas, a longo prazo, «a ideia é construir um museu para expor o espólio encontrado na freguesia», acrescenta o dirigente. No entanto, como ainda não é possível concretizar esse projecto, os responsáveis estão a «tentar encontrar um local onde se possa expor para já as peças encontradas», adianta António Moreira.
A Coriscada parece ser muito rica arqueologicamente devido às antigas explorações de estanho e de outros metais que terão estado na origem da fixação dos romanos na localidade. Assim terá acontecido com esta aldeia. «Este ano já descobrimos mais uma casa», adianta um entusiasmado Sá Coixão. O arqueólogo acredita estar-se perante «um sítio romano de excelência e que ainda nos vai revelar muitas surpresas». Admite, contudo, que «ainda vai levar alguns anos para pôr tudo a descoberto», sendo necessário que não falte o apoio financeiro para que as escavações não parem, alerta.