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A Água no Mundo Romano

Nos Cantos do Património

Ao longo dos vários artigos onde temos abordado a arquitectura romana tornou-se evidente a importância da água. De facto, desde a sua utilização nas termas, a elemento decorativo nos peristilos, a água é um elemento comum e fundamental. Para tal basta termos em conta as fontes e tanques identificados em intervenções arqueológicas, como a casa dos repuxos em Conimbriga.

A sua função utilitária era também essencial no interior das habitações e nas práticas higiénicas. Veja-se o caso das cozinhas, cuja função seria a confecção dos alimentos, ou das latrinas, por norma localizadas junto às termas, com complexos sistemas de drenagem, com água corrente e grau de inclinação para escoamento.

A utilização da água no interior das habitações constituía certamente um dos veículos de romanização das elites indígenas, evidenciando um estatuto social diferenciado.

Mas, como seria efectuado o abastecimento de água? Escavações arqueológicas permitiram dar resposta a esta questão, por exemplo em Conimbriga, onde foi identificado um aqueduto, evidenciando um complexo sistema de captação e distribuição de água. Este aqueduto, com uma extensão de 3443m, partia de Alcabideche até à cidade, com diversas construções no seu percurso, com finalidades distintas. É o caso do castelo de água onde era efectuada a limpeza de impurezas e o conjunto de arcos que permitiam a entrada do aqueduto na cidade. Esta água servia essencialmente as termas, mas também as fontes.

Outro sistema de captação de água correspondia às barragens. Um dos exemplares foi localizado por Sabino Perestrelo na devesa de Marialva, com uma função de irrigação dos terrenos agrícolas. Neste caso específico, a barragem possuía uma funcionalidade ligada à economia agro-pecuária da região. É possível que tivesse uma ligação às termas e às habitações.

Em Benespera (Guarda) foi identificado por Marcos Osório um tanque, de planta rectangular, relacionado com a irrigação dos terrenos agrícolas, associado a materiais de construção romanos. É possível que estivesse relacionado com uma uilla romana e faria parte de um conjunto mais vasto de construções.

Assim sendo, torna-se evidente a existência de diversos sistemas de captação de água, testemunhos da excelência construtiva romana, com o intuito da utilização deste elemento no quotidiano das populações, correspondendo, sem dúvida, ao desenvolvimento do “conforto urbano”.

Por: Vítor Pereira

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