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A administração da “troika”

O FMI, o BCE e a UE, que compõem a “troika”, têm vindo a aplicar, sem resultados práticos, severas medidas de austeridade aos países resgatados, caso da Grécia, Irlanda, Portugal, etc, As dívidas soberanas desses países continuam a aumentar; os défices orçamentais a não serem controlados; o investimento a diminuir; o PIB a cair; as falências a acelerar; o desemprego a subir; as populações a empobrecer.

A Grécia luta desesperadamente para cumprir as medidas impostas pela “troika”, apesar de ter tido perdão de dívida. O FMI é um fundo financiado pelos países membros para intervir, com empréstimos e assistência técnica, nos países com dificuldades financeiras, sobretudo ao nível da balança de pagamentos. O BCE é o Banco Central da Zona Euro que veio substituir os bancos centrais dos ditos países para exercer a política monetária adequada ao desenvolvimento da economia da Zona Euro, emitindo moeda, fixando taxas de juro, valorizando ou desvalorizando a moeda, fazendo empréstimos, etc. A União Europeia foi criada para administrar o espaço dos 27 países que hoje a integram de forma equitativa, justa e homogénea… Significa isto que cada um deles tem uma função complementar e interdependente na administração que lhe foi confiada… Mas, será que o FMI está a prestar a assistência técnica nos mesmos termos que o fez, com sucesso, para outras economias e países fora da Zona Euro, como aconteceu, por exemplo, no Brasil, hoje credor desse Fundo?

Uma das exigências que o FMI fez a outros países foi a desvalorização da moeda, gerando inflação, e com ela baixar preços de bens e serviços, aumentando a competitividade da economia e, consequentemente, as exportações. Se o FMI faz parte da “troika” (…) porque não propõe a desvalorização do euro? O BCE empresta dinheiro a taxas muito perto do 0 por cento à Alemanha e França e empresta a taxas superiores aos países intervencionados? Era suposto que o BCE emprestasse a todos os países do euro nas mesmas condições!… Fixando uma taxa universal. Não fazendo isto, está a tratar de forma desigual os países membros! Com o devido respeito, é suposto que a “troika” não fosse constituída para defender os credores internacionais, mas para prestar assistência técnica e financeira aos países resgatados, praticando taxas de juro próximas dos mínimos fixados pelo BCE. Ora, as taxas do resgate são cinco vezes superiores!… Sem tratamento igual ao financiamento dos países no dito espaço económico da zona Euro não haverá austeridade que resulte e moeda que resista!…

Quase metade dos países que aderiram a União Europeia não aderiram ao euro e já nem querem ouvir falar em tal hipótese! Compete à UE decidir, política e democraticamente, as medidas a aplicar à zona Euro, com tratamento justo e equitativo, não permitindo a divisão de países em ricos e pobres, nem se deixando submeter a qualquer diretório, sob pena de cair em descrédito e se desagregar. Perder as casas por não poder pagar o IMI, que nalguns casos aumentou 3.000%, avaliadas por três e quatro vezes superiores ao valor do mercado, para cumprir as metas orçamentais da “troika”, sabendo que tal receita se destina a pagar gastos sumptuários, desnecessários e inúteis dos municípios que são, deste modo, aliviados da austeridade, que lhe foi imposta, começa a ser preocupante e atingir o limite da dignidade!

Por mais generosos que sejamos, e somos, não podemos acreditar nesta austeridade!Mais parece uma LIQUIDAÇÃO da economia a prazo…

Teodoro Farias (Figueira de Castelo Rodrigo), carta recebida por email

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