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«A A23 e a A25 vão ser portajadas devido a um erro de gestão do país»

Manuel Meirinho sublinha a importância de ser natural do distrito no contacto mais próximo com os eleitores guardenses. Apesar de não abdicar do princípio da universalidade proclamado pelo partido, o cabeça-de-lista do PSD às legislativas defende a diferenciação da região no que concerne ao portajamento da A23 e A25.

P – Qual é a sua meta nestas eleições?

R – É ganhar as eleições no distrito e contribuir para a vitória do PSD no país. É um objetivo que foi estabelecido, estamos a lutar por ele e temos a certeza que vamos conseguir.

P – Sente que tem condições para desempatar o atual número de deputados eleitos?

R – Estamos a lutar para isso. Não é fácil, dada a exigência do método de Hondt para fazer a diferença para um mandato, o distrito tem uma configuração do ponto de vista da importância das duas forças políticas principais – PS e PSD – bastante sedimentada, mas não deixa de ser um objetivo que perseguimos.

P – Quais os principais projetos que tem em mente para o distrito?

R – O primeiro tem que ver com o posicionamento para tratar dos problemas do distrito, sobretudo aqueles que são transversais e semelhantes àquilo que se passa em muitos dos distritos do país. A segunda questão prende-se com o que está a acontecer, particularmente na última década, com o esvaziamento significativo das capacidades competitivas do distrito, com os problemas da “interioridade”, que têm de ser atacados com políticas coesas, congruentes e muito fortes, mas que não têm um efeito no imediato. Uma terceira aposta tem a ver com o potenciar de capacidades que este distrito, inevitavelmente, tem – por exemplo, ao nível turístico – , a sua dinâmica transfronteiriça e de ligação ao próprio país, para que possa ser um polo dinamizador da empregabilidade e da dinamização do tecido económico. Em quarto lugar, tem que haver uma aposta muito séria na criação de uma identidade para o distrito, que tem perdido muito por não se afirmar com uma identidade própria. Há vários fatores que nos podem ajudar: a situação geográfica, o valor acrescentado que tem ao nível de algumas valências relacionadas com o turismo, a proximidade com Espanha ou as dimensões culturais e arquitetónicas. Temos que criar uma “marca” própria.

P – O PSD volta a apostar na ideia de que a sua lista é composta por gente de cá. É um argumento suficiente para os eleitores votarem em si?

R – Sim. Em primeiro lugar, porque representa uma responsabilidade e uma preocupação dos partidos em que os deputados devam ter alguma ligação aos círculos, o que não significa que tenha de ser obrigatória, mas reforçada, porque ao nível do sentimento de ligação emocional facilita muito e há um sentimento de responsabilidade acrescido, já que tem a ver com as nossas raízes. Por outro lado, os deputados representam a nação e não devem ter uma atitude exclusivamente vocacionada para a defesa dos interesses das suas localidades e dos seus eleitores, mas têm que ter essa preocupação. A Assembleia da República também tem que ser um órgão que cada vez mais se reoriente para os cidadãos, porque neste momento há um crescente desfasamento, descrédito e uma crescente erosão das ligações entre a classe política e os eleitores. Julgo que esta é uma aposta forte, ao contrário do que aconteceu com o PS, cujo cabeça de lista não é da zona.

P – Lançou a ideia de que os deputados eleitos, de Bragança a Faro, se deviam unir para assuntos que tenham que ver com o interior. Como é que vai implementar esta ideia?

R – A Assembleia da República não é um órgão individual, pelo que não há nenhuma razão para que não tenha uma atenção particular para problemas especiais. Temos é que os colocar na agenda, dando-lhe força. Para isso, precisamos que as forças políticas olhem de uma forma mais coesa e mais desprendida da luta política corrente para se resolverem os problemas. Se identificarmos problemas comuns, é mais fácil e económico produzir e defender soluções comuns, porque são transversais às preocupações de todos os deputados. Coordenar esforços para tratar de forma especial problemas especiais é também uma atitude que é exigida à Assembleia da República.

P – O que acha da diminuição do número de deputados?

R – Defendo que é possível equacionarmos a redução da dimensão da Assembleia da República, embora ache que deva ser enquadrada numa reforma no sistema eleitoral, que, no meu caso, integra a defesa do sistema de voto preferencial. É possível reduzir-se o número de deputados, garantindo os padrões mais específicos de funcionamento do sistema eleitoral – proporcionalidade, governabilidade e representatividade – e neste caso pode ir-se mais além. Mas só depois de configurada a tal reforma é que chegaremos ao valor, que é o ajustado à configuração definitiva da mesma.

P – Ao longo destas semanas o que descobriu sobre o distrito que não conhecia?

R – Estou agradavelmente surpreendido pela identificação de capacidade por parte de pessoas e instituições que são de louvar. Tenho tido a preocupação de visitar instituições sociais, empresas, câmaras e tenho notado um grande empenho e uma vontade em lutar contra uma situação complicada que atravessa o país. Identifico forças que temos que saber aproveitar.

P – O PSD não ficou mal na “fotografia” das portagens, quando pediu a universalidade da medida, já que nem todas as regiões têm o mesmo nível de desenvolvimento?

R – O PSD tem tido uma política de verdade, assumiu um princípio da universalidade e não regateia esse princípio. Agora, os governantes não se devem demitir de lutar por tentar minimizar efeitos – esses sim, diferenciados no território – no sentido de identificar soluções que minimizem os efeitos, por exemplo, sobre a competitividade e o trabalho das empresas. O PS também teve uma posição contrária, mas foi o mesmo partido que, ao levar o país a uma situação de pré-bancarrota, inviabilizou qualquer possibilidade dessas medidas de descriminação positiva para a região e condenou o país ao portajamento. Quem fica pior na “fotografia” é o Partido Socialista, que inviabilizou qualquer alternativa, e o grau de liberdade que temos para atuar é muito menor. Respeitando o nosso princípio, não devemos desistir de procurar com devemos minorar alguns efeitos, sobretudo aqueles que se referem aos fatores de competitividade das empresas e de mobilidade das pessoas, porque este é um distrito sem grandes alternativas nessas áreas. Pode-se pensar em medidas que definam custos diferenciados em função dos custos de acesso diferenciados das pessoas e do número de vezes que as empresas passam pelas auto-estradas, por exemplo. Agora, a A23 e a A25 não são auto-estradas para ser portajadas, isso vai acontecer devido a um erro de gestão do país.

P – O que lhe disse Passos Coelho quando o convidou para ser cabeça de lista pelo PSD na Guarda?

R – Recebi o convite de Passos Coelho como um desafio pessoal e político. A nível político, é uma manifestação pública de abertura do partido a pessoas da sociedade civil, que estão dispostas a contribuir de forma não alinhada pelo partido, embora condicionadas à própria ação governativa. Acho que obtive a confiança do presidente do partido e, na base dessa confiança que está relacionada com a tal abertura à sociedade, coisa que não aconteceu com o PS. Por outro lado, pediu-me para fazer o melhor em nome de um projeto de mudança que o PSD quer implementar em Portugal, num momento muito difícil em que são precisas todas as energias por parte de todos.

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