Arquivo

77 incêndios no distrito de Castelo Branco numa semana

Várias aldeias sofreram na pele a destruição deixada pelos fogos

Foi negro o cenário vivido na região, na semana passada, por culpa dos incêndios florestais. O fogo que deflagrou na zona de Seia não deu descanso aos bombeiros e às muitas populações afectadas pelas chamas. O incêndio alastrou ao concelho da Covilhã pelas Pedras Lavradas, numa frente que chegou a atingir quase cinco quilómetros e mobilizou perto de 120 bombeiros, tendo afectado várias aldeias, entre as quais Sobral de S. Miguel, Casegas, Trigais e Barroca Grande. Embora tenha sido extinto na manhã do passado sábado, as chamas deixaram um rasto de devastação numa zona que já não ardia há mais de dez anos. Este incêndio chegou a ter cinco frentes activas e estendeu-se aos concelhos de Seia, Covilhã e Oliveira do Hospital.

No final da passada sexta-feira foi a vez das populações de Silvares e Lavacolhos (Fundão) se debaterem contras as chamas. O fogo terá surgido na zona junto à pista de autocross da primeira localidade e chegou a estar dominado, mas reacendeu-se no sábado acabando por ser circunscrito no mesmo dia. Estiveram em Silvares perto de 200 bombeiros, provenientes da região, mas também de Évora, Lisboa e Setúbal, numa altura em que um número elevado de habitações chegou a estar em risco. Nesse mesmo dia, Manuel Frexes, autarca fundanense, escreveu ao primeiro-ministro a pedir o «reforço dos meios técnicos e humanos suficientemente capazes» para enfrentar este incêndio. O edil apelou ainda ao Presidente da República para que «diligenciasse e procurasse junto das autoridades competentes» esse reforço. Na semana passada registaram-se 77 incêndios florestais no distrito de Castelo Branco, que mobilizaram um total de 1.654 bombeiros e 472 viaturas. Os seis meios aéreos aqui localizados não tiveram descanso, ajudados pelos dois aviões Canadair de Seia e mais um helicóptero. Castelo Branco liderou a lista de fogos, contabilizando um total de 24. A Covilhã surge em segundo lugar, com 16, seguida do Fundão (12 ocorrências).

Comparativamente com 2004, este período registou mais 29 incêndios e mobilizou mais 570 homens e 190 viaturas de apoio. Rui Esteves, coordenador distrital do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, apela a que as populações «ajudem a evitar os incêndios», já que a maioria acontece por «negligência». Para este responsável, o ano de seca, a falta de ordenamento territorial, de limpeza das matas e em redor das populações, constituem problemas que necessitam de uma resolução urgente. «Os fogos não se combatem, evitam-se», sublinha, acrescentando existir em Portugal «falta de cultura cívica que urge modificar». A nível nacional, na primeira quinzena de Julho, arderam mais de 17 mil hectares de floresta, número que já eleva para 38.518 hectares a área consumida pelas chamas desde o início deste ano. Até ao fecho desta edição ainda não era conhecido o número exacto de hectares ardidos no concelho da Covilhã. A Direcção-Geral dos Recursos florestais encontra-se ainda no terreno a avaliar os estragos. Têm sido avançados alguns números, mas Rui Esteves apela a que «não se especule até que sejam conhecidos os números efectivos».

Sobre o autor

Leave a Reply