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570 hectares ardidos em Famalicão

Junta, Governo Civil e Câmara da Guarda já deram início ao levantamento dos prejuízos

O fogo que lavrou, no domingo, em Famalicão consumiu perto de 570 hectares, apurou o Instituto de Conservação da Natureza (ICN), que enviou para o local um técnico especializado. «Ainda não se sabe exaustivamente quanto ardeu em termos de espécies, porque esse é um trabalho mais moroso», adiantou Fernando Matos, director do Parque Natural da Serra da Estrela.

O também coordenador nacional do Plano de Actuação do ICN anunciou entretanto que vai propor o alargamento a Famalicão do programa de minimização e recuperação de áreas ardidas. E desvalorizou as críticas de populares quanto aos entraves do parque na construção de tanques de rega, que, no domingo, poderiam ter servido para abastecer os helicópteros. «Se é Reserva Ecológica Nacional (REN), qualquer construção está limitada à lei. No entanto, dentro da área protegida tudo depende do que se pretende fazer e dos ecossistemas em causa», disse Fernando Matos, alegando desconhecer casos concretos. O que já se sabe é que parte da zona de maior potencialidade agrícola do vale da ribeira de Famalicão foi «severamente» devastada pelo incêndio. No entanto, os prejuízos deixados pelas chamas só deverão ser conhecidos nos próximos dias. «Amanhã [hoje] vamos reunir com responsáveis do Governo Civil e da Câmara da Guarda para iniciar um trabalho exaustivo de tudo o que ardeu», disse o presidente da Junta de Freguesia. António Fontes ainda tem na memória o incêndio que lavrou durante quatro dias naquela encosta, vindo de Valhelhas, há quase 20 anos. Mas as consequências foram diferentes: «Na altura só arderam matas de pinheiros. Desta vez a situação é mais preocupante porque se perderam vários terrenos agrícolas, quase todos explorados para sustento das famílias», adianta.

Na aldeia, há mesmo quem fale em milagre pelo facto de muitas quintas terem sido poupadas pelas chamas. O autarca concorda, mas destaca também a pronta intervenção dos bombeiros e dos proprietários. «Muitos deles tinham limpo os terrenos à volta das habitações e estiveram no local para defender a sua propriedade. Só não conseguiram salvar as culturas, como vinhas, pomares, produtos hortícolas ou oliveiras. É uma desgraça para algumas famílias», garante António Fontes.

Aquela área, situada entre Famalicão e Valhelhas, é dominada por uma agricultura de minifúndio e de subsistência, existindo ali inúmeras quintas habitadas por caseiros. O autarca refere que está a ser ponderado um pedido de ajuda ao Governo. Um levantamento preliminar da Junta de Freguesia indica terem ardido duas casas, consideradas segunda habitação, uma capela e dois palheiros. Entretanto, a PT restabeleceu algumas ligações telefónicas durante a tarde de terça-feira. O incêndio foi dado como dominado às 7h53 de segunda-feira, segundo o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).

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