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550 euros em todas as escolas do IPG

Sucessivos cortes orçamentais resultaram no aumento da propina no Politécnico da Guarda

Para fazer frente às dificuldades financeiras, e como consequência dos cortes orçamentais que tem vindo a sofrer nos últimos dois anos, o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) foi obrigado a aumentar o valor da propina para o próximo ano lectivo. A nova quantia, fixada em 550 euros, será desta vez igual para todas as escolas da instituição e ultrapassa em 63 euros o valor mínimo estipulado pelo Governo.

A proposta foi apresentada pelo presidente Jorge Mendes à Comissão Permanente do Conselho Gera e devia inicialmente ser aplicada apenas à Escola Superior de Turismo de Seia, a única que não tem autonomia administrativa e financeira. Posteriormente, e para além de ter aprovado a proposta, o Conselho Geral acabou por recomendar, por unanimidade, que as restantes três unidades orgânicas do Instituto aplicassem o mesmo valor. O presidente justifica a decisão com o estado das finanças do IPG, garantindo «ser insustentável manter a propina mínima». Em causa estão os sucessivos cortes orçamentais que a instituição tem vindo a sofrer e que este ano se traduzem numa redução de três por cento, fatia que representa cerca de 1,4 milhões de euros a menos.

Jorge Mendes antevê que, mesmo assim, as dificuldades vão continuar a fazer-se sentir, sendo necessário partir para «uma gestão financeira rigorosa». A hipótese de proceder a «uma redução de docentes a médio prazo» também não está posta de lado, embora as Escolas de Saúde e de Turismo tenham um número insuficiente de professores.

Para Sérgio Pinto, presidente da Associação Académica, esta medida constitui «um mal menor», já que em cima da mesa chegou a estar a hipótese de fixar a propina em 600 euros, garante. O representante dos estudantes encara a subida como «inevitável» e acredita que trará contrapartidas, como uma «maior qualidade de ensino e mais condições». De resto, desvaloriza mesmo o aumento, defendendo que «apenas duas instituições a nível nacional têm um valor de propina igual ou inferior ao da Guarda». Também Constantino Rei, director da ESTG, desvaloriza este aumento. «Se a instituição tem problemas financeiros, têm de ser tomadas medidas», defende, mas adianta que não é este aumento que permitirá resolver «os problemas de fundo» do IPG, antes uma gestão «rigorosa e criativa». «Não podemos estar à espera que o Governo resolva os nossos problemas. Temos que trabalhar e gerar novos projectos», sustenta. Para João Brás, da Escola de Turismo e Telecomunicações de Seia, o aumento da propina também constitui «um mal necessário», que vai permitir «assegurar alguns recursos pedagógicos e colmatar o desinvestimento do Estado». Abílio Figueiredo, da Escola Superior de Saúde, admite por sua vez que as dificuldades dos últimos tempos não têm permitido «qualquer investimento», mesmo no que se refere a «recursos didácticos». Assim, acredita que os 550 euros definidos poderão «melhorar a qualidade de ensino». Joaquim Brigas, da Escola Superior de Educação da Guarda, acredita que só este valor pode «garantir o funcionamento adequado da instituição». Porém, o director manifesta-se «inconformado» com o orçamento atribuído este ano à ESEG, onde se verifica um decréscimo de cerca de doze mil euros, «ao passo que as outras escolas viram os seus orçamentos aumentados», sustenta.

Rosa Ramos

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