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5.518 km2 de território só valem 1,73% de deputados no Parlamento??

Todos os dias vemos as campanhas dos diferentes partidos (ou as máquinas de campanha como gostam de dizer) a referir que foi um banho de multidão! Será mesmo assim? Ou será que são os indefectíveis militantes, e as juventudes partidárias que se comportam um pouco como as claques do futebol e estão lá sempre presentes?

E como à boa maneira portuguesa, tudo ou quase tudo se resolve à volta da mesa, lá vêm os almoços e jantares e mais jantares, com autocarros que as concelhias, distritais, etc., disponibilizam para quem quer ir! E estou certo que, alguns vão porque neste nosso interior tudo é demasiado pequeno e se não estamos com eles…Estamos contra!

Este ano o nível de abstenção vai mais uma vez decidir quem irá ganhar! Ou seja, cerca de meio milhão de eleitores votam periodicamente mais à esquerda (PS) ou mais à direita(PSD+PP) e esse conjunto de cidadãos é que vai decidir mais uma vez as eleições; porque o resto é assim:

Os que votaram toda a vida CDS ou PSD, vão votar na Coligação Portugal à Frente; os que sempre votaram no PS… Vão votar PS e o mesmo se passa na CDU e talvez menos um pouco no Bloco de Esquerda. Mas ninguém acredita que uma pessoa que vota CDS-PP vá votar BE e vice-versa!

Concretamente no Distrito da Guarda, com 5.518 quilómetros quadrados de território, elegemos quatro deputados em… 230! Ou seja 1,73% do Parlamento! Uma percentagem que nos deve fazer reflectir e aí sim, os partidos, os grupos de cidadãos deveriam ter uma palavra a dizer! O critério do número de deputados não pode ser só o número de eleitores! Tem de haver mais equilíbrio (veja-se o exemplo dos EUA)! Por muito esforçados que sejam os deputados eleitos pelo distrito, a sua capacidade de influenciar positivamente estes territórios é muito muito diminuta! A lei eleitoral tem de mudar! E que me recorde o único deputado que votou um Orçamento de Estado (absteve-se) contra a vontade do seu partido (CDS-PP) foi o Engº Daniel Campelo, que ficou ligado ao célebre Orçamento do queijo! Depois há ou havia os deputados da Madeira (no tempo do Dr Jardim) que colocavam sempre o interesse da região primeiro! Nos restantes casos a chamada “disciplina partidária” assim os obriga ou condiciona!

Alguém disse que a democracia é o sistema de eleição menos mau e eu estou completamente de acordo! No entanto, para termos legitimidade para criticar ou elogiar A,B ou C é preciso ir votar (nem que seja em branco), mas VOTAR!

E no dia 4 de outubro sugiro que bebam um vinho ou um espumante da Beira Interior porque como dizia Napoleão «nas vitórias é merecido e nas derrotas é necessário!» E o Mais IMPORTANTE será que ganhe PORTUGAL!

Por: Rodolfo Queirós, enólogo e diretor técnico da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior

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