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22 interessados na construção do Museu do Côa

Empresas portuguesas e espanholas concorrem a uma empreitada orçada em cerca de 11,5 milhões de euros

O concurso público para a construção das instalações e infraestruturas do Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, recebeu 22 propostas. Contudo, um dos concorrentes foi excluído por não ter respeitado as regras do concurso, daí que, na prática, sejam 21 os interessados na edificação de uma estrutura há muito desejada na região e que está orçada em 11,5 milhões de euros. Desconhece-se ainda a data em que será conhecido o vencedor, uma vez que o concurso está actualmente em fase de audiência prévia.

O prazo para a entrega de propostas terminou a 14 de Setembro, numa iniciativa do IPA – Instituto Português de Arqueologia, que é o dono da obra, com a colaboração da Direcção Regional de Edifícios e Monumentos do Centro. Fernando Real, director do IPA, adiantou a “O Interior” que foram recebidas 22 propostas, tendo sido seleccionadas apenas 21, já que «uma foi excluída talvez por inexperiência ou falta de cuidado do proponente», indica. É que «a proposta tinha que ser entregue num envelope e os documentos relativos à empresa noutro», mas o proponente «entregou tudo no mesmo», daí ter sido automaticamente excluído do processo. Por enquanto, o concurso está em fase de audiência prévia, daí que a data para o anúncio da proposta vencedora ainda não é conhecida. Ao que foi possível apurar, entre os 21 concorrentes estão vários conhecidos consórcios portugueses e também luso-espanhóis. A partir da data da consignação, as obras têm um prazo de execução de 600 dias.

Depois de quase uma década de espera, a construção do Museu do Côa foi finalmente posta a concurso público a 24 de Julho. Contrariamente ao esperado, a empreitada é da responsabilidade do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional e não do da Cultura. O preço-base dos trabalhos é de mais de 11,5 milhões de euros, sendo o seu financiamento assegurado pelas verbas inscritas no PIDDAC do IPA. De realçar que este concurso exclui o equipamento e restringe-se apenas às instalações e infra-estruturas do edifício. O Museu foi inicialmente pensado para a zona onde começou a ser construída a barragem, na Canada do Inferno, mas a obra foi suspensa com a descoberta das gravuras no rio Côa. Posteriormente, o museu foi reavaliado e deslocalizado para uma encosta sobranceira à confluência dos rios Douro e Côa, no Vale de José Esteves, na zona Norte do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC). Foi para este local – uma área de seis mil metros quadrados e 190 metros de cumprimento, o equivalente a um porta-aviões – que os arquitectos Tiago Pimentel e Camilo Rebelo idealizaram um monólito com janelas em frestas, semi-enterrado e com oito metros de altura na vertente virada para o vale do Douro.

Solução «extraordinária e carismática»

A dupla portuense foi a vencedora, em Maio de 2004, do concurso público internacional, organizado pela Ordem dos Arquitectos, para a concepção do museu. A sua proposta mereceu rasgados elogios do júri e um prémio de 25 mil euros. Segundo o relatório final, a solução arquitectónica proposta é «extraordinária e carismática», criando uma peça de arquitectura de «cariz escultórico e emblemático, assumidamente contemporâneo» e capaz de acrescentar «mais-valias à paisagem». Com uma forma triangular, o museu será o resultado de três condições topográficas, em que o ponto mais alto do terreno está “entalado” entre os Vales do Forno e o de José Esteves, abrindo uma terceira frente que vai de encontro aos rios Douro e Côa. Realce para a fachada virada para o vale do Douro, feita de grandes superfícies envidraçadas. Outra solução inesperada reside no acesso ao museu, pois vai fazer-se pela cobertura do edifício que vai servir de espaço social. Os materiais a serem utilizados vão ser o xisto e o betão. A opção pelo xisto prendeu-se por ser um material característico da região e também por ser o suporte escolhido no paleolítico para o registo das gravuras, garantindo assim que o betão não seja perceptível num local onde não existe qualquer construção.

Ricardo Cordeiro

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